Incêndios rurais extremos tendem a multiplicar-se no mundo, alerta relatório da ONU. Portugal é “um muito bom exemplo” na prevenção

A probabilidade de fogos extremos, como os que assolaram Portugal em 2017 ou a Califórnia nos últimos anos, vai aumentar 50% até 2030, alerta um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente

Em todo o planeta, os incêndios rurais têm aumentado de intensidade e de extensão e projeta-se que venham a ser cada vez piores e a devastar partes do mundo onde até agora não tinham chegado, com consequências para a vida humana, o ambiente e a vida selvagem. No fim desta década, os fogos extremos deverão ter aumentando 30%, e no fim do século prevê-se que tenham aumentado 50%.

Estas são algumas das constatações do relatório dedicado à “Ameaça crescente de incêndios extraordinários em paisagens” – “Spreading like Wildfire: The Rising Threat of Extraordinary Landscape Fires” –, divulgado esta quarta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (conhecido pela sigla em inglês, UNEP), em vésperas da 5.ª sessão da ONU para o Ambiente, que vai realizar-se em Nairobi entre 28 de fevereiro e 2 de março.

“Vontade política para reduzir o risco”. O exemplo português

Entre os incêndios extraordinários já ocorridos e analisados por cerca de meia centena de investigadores de todos os continentes constam os que devastaram cerca de 540 mil hectares no Centro e no Norte de Portugal em 2017, e que tiraram a vida a 117 pessoas, e aos quais o relatório dedica um capítulo.

Além de se destacarem pela dimensão e pela tragédia humana, estes incêndios são identificados por Peter Moore, especialista da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), como uma das ‘ignições’ que conduziu a um conjunto de planos e decisões políticas, que classifica como “um dos melhores exemplos de abordagem e esforço de um país para apostar em melhor governança e reduzir riscos”.

Em declarações ao Expresso, Peter Moore, investigador do laboratório colaborativo ForestWISE, sublinha que “após a tragédia, o Governo português empreendeu um processo ambicioso para desenvolver um Plano Nacional integrado de gestão de incêndios rurais, com o objetivo de proteger o país de severos incêndios florestais, com a missão de proteger pessoas e propriedades rurais, garantindo a gestão de ecossistemas e paisagens”.

O especialista destaca o papel da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) e os objetivos definidos no plano aprovado, tais como “a valorização de […]

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