Informação, há, quem lhe dê uso é que é mais difícil

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“O Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia analisou os grandes tipos de ocupação do solo afetados pelos cinco incêndios que tinham área superior a 10.000ha em 21 de Agosto, usando mapas obtidos do European Forest Fire Information System (EFFIS).

Estes cinco incêndios totalizavam uma área de 199.411ha, correspondendo a 73% da área queimada total reportada pelo EFFIS à data.

À data da análise, o incêndio do Piódão continuava ativo.

O Pinhal Bravo e o Eucalipto representavam, respetivamente, 24.3% e 4.2% dos 199.411ha queimados nos cinco grandes incêndios analisados, enquanto que o somatório das Outras Folhosas (sobretudo espécies ripícolas) e Outros Carvalhos (Quercus que não o Sobreiro e a Azinheira) correspondia a 6.0% dessa mesma área”.

Convém acrescentar duas informações, a de que os matos representavam 42,7% da área ardida, a floresta 36,4% (decomposta como está dito acima) e a agricultura mais pastagens 19,4%.

E a informação de que análise é feita apenas para os incêndios com mais de dez mil hectares, o que deixa de fora o incêndio de Arouca, com mais seis mil hectares eucalipto.

Os dados acima não são nenhuma novidade, no sentido em que arde o que está disponível no sítio em que está a arder, mas é claro que ter outras folhosas e outros carvalhos com mais percentagem que o eucalipto é uma boa demonstração de que, mesmo que fosse possível ter carvalhais por todo o lado (e ninguém  explica como se faz a transição e se gere o fogo entre a situação actual e os carvalhais maduros), não havia nenhuma garantia de que não houvesse Verões como o deste ano.

Resumindo, se os senhores jornalistas e os senhores especialistas em alhos que falam de bugalhos (como eu, e boa parte dos académicos que aparecem nestas alturas) se deixassem de continuar a insistir na necessidade de transformar a paisagem, talvez se conseguisse expandir a gestão que existe, com a economia que existe e com as pessoas que existem, em vez de se andar a gastar recursos em fantasias e soluções perfeitas, mas inúteis.

O artigo foi publicado originalmente em Corta-fitas.


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