Uma comunidade de agricultores no deserto de Neguev, em Israel, está a testar a produção de vinho em ambiente seco, algo que poderá ganhar uma aplicação global com o aumento das temperaturas.
De acordo com o The New York Times, a região é conhecida pela prevalência de start-ups tecnológicas e por ser um laboratório de experimentação em Israel. O produtor vitivinícola Zvi Remak revela que nos anos 90 plantou uma vinha, e após um período de estudos na Califórnia (EUA), voltou-se para a produção de vinho. Atualmente, já existem cerca de 40 adegas espalhadas pelo território.
A vinicultura do deserto, e os turistas que começam a explorar esta rota relativamente nova de vinhos, tornaram-se importantes para o desenvolvimento e rebranding das extensões áridas que compõem metade do território de Israel.
Apesar destas vinhas serem novas, a cultura de produzir vinho em Neguev não é. A área era famosa pelos seus vinhos produzidos localmente na antiguidade.
Atualmente, os produtores notam, por exemplo, que as castas Grenache e Syrah amadurecem rapidamente, sendo que o truque passa por encontrar o ponto certo em que o alto teor de açúcar está balanceado pelo nível de acidez.
Com cerca de 325 dias de sol e pouca chuva anual, as vinhas do deserto dependem da irrigação gota a gota, uma inovação desenvolvida por outro coletivo do Neguev na década de 1960 que permite ao agricultor controlar firmemente a quantidade de água.
De acordo com os produtores algumas vantagens são a descida das temperaturas à noite e a baixa humidade, o que as expõe a menos pragas e consequentemente a menor necessidade de aplicação de agroquímicos.
Embora a irrigação artificial seja mal vista nas regiões vitivinícolas tradicionais da Europa, e seja mesmo proibida em alguns locais, pode tornar-se mais uma necessidade.
O especialista em pesquisa no deserto e agricultura na Universidade Ben-Gurion do Neguev, Aaron Fait, considera que “a indústria vitivinícola precisa de entender que as coisas já não são como eram”.
Atualmente, os produtores estão a trabalhar para certificar a região como produtora de vinho.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.