O Tribunal de Recurso de L’Aquila confirma a decisão do Tribunal de Menores, em Novembro, e as crianças da família da floresta permanecem no centro de acolhimento onde vivem há um mês com a progenitora, embora só possam estar juntos três vezes por dia, às horas das refeições.
É o comportamento da mãe e a falta de escolaridade das crianças que estão na base da rejeição do recurso dos pais. De acordo com o La Repubblica, a mãe insiste em que as crianças devem usar uma escova de dentes feita de pêlo de burro e que deve haver liberdade educativa, mas nem a criança mais velha, de 8 anos, nem os gémeos, de seis, sabem ler.
Catherine Birmingham, uma australiana de 45 anos, ex-instrutora de equitação, e o seu marido inglês, Nathan Trevallion, de 51 anos, marceneiro, esperavam que a família se voltasse a reunir para o Natal, mas os juízes continuam com dúvidas, apesar de ter havido alguns progressos.
De acordo com a imprensa italiana, o casal anglo-australiano já fez algumas cedências. “Estão prontos não só para adaptar a sua casa em Palmoli, mas também para permitir que os filhos frequentem a escola e completem o programa de vacinação”, lê-se no site da Sky TG24, canal televisivo de informação.
Recorde-se que, até meados de Novembro, a família vivia numa casa rural na floresta de Palmoli, nos arredores de Chieti, na região de Abruzzo, rodeada de animais (cavalos, burros e galinhas). A falta de água canalizada, de electricidade e as condições da casa fizeram com que o Tribunal de Família e Menores de L’Aquila decidisse retirar os três filhos ao casal.
No entanto, o pai já apresentou o projecto para as obras e vive agora num B&B, também em Palmoli, emprestado por um empresário local, pronto também a receber a família, enquanto as obras estiverem a decorrer.
Na altura, os juízes referiram ainda que faltava socialização às crianças, já que estavam no regime de ensino doméstico, e que este não estava a corresponder aos procedimentos obrigatórios.
Como relata o La Repubblica, as crianças chegaram ao centro de acolhimento em condições de higiene precárias e ficaram surpreendidas ao verem interruptores eléctricos, chuveiro e roupa lavada.
Quem já mostrou a sua indignação pela rejeição do recurso parental foi o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini. No X, o também secretário da Liga Norte, escreveu: “Para estes juízes, uma palavra: vergonha. As crianças não são propriedade do Estado; as crianças devem poder viver e crescer com o amor da mãe e do pai!”, escreveu.
Mas não foi o único membro do Governo de Giorgia Meloni a pronunciar-se: “E assim, nem mesmo no Natal as crianças da chamada ‘família na floresta’ poderão regressar a casa com os seus pais”, redigiu a ministra da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades, Eugenia Roccella, no Facebook.