O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que “toda a gente fala dos défices”, mas “ninguém fala do défice alimentar”, e pediu “medidas excecionais” para a atividade leiteira.
“Toda a gente fala dos défices, ninguém fala do défice alimentar e nós precisamos de combater esse défice alimentar”, afirmou Jerónimo de Sousa, após visitar uma vacaria, com mais de 400 cabeças, em Monte Redondo, no concelho de Leiria, onde “o custo dos fatores de produção” é um “problema central”.
Adiantando que o PCP acompanha as preocupações com a “imprevisibilidade dos custos de produção”, o dirigente abordou a questão da soberania alimentar, para frisar: “Esta unidade demonstra que é possível garantir a nossa soberania, particularmente no leite”.
“A situação do setor leiteiro tem vindo a fazer um percurso muito complicado, difícil mesmo, quando 90% das unidades produtivas encerraram, ficamos com uma ideia clara da dimensão do problema e da necessidade de ajuda”, destacou, pedindo ao Governo para “encontrar medidas excecionais para uma situação de exceção”.
Para Jerónimo de Sousa, “era necessária uma proposta em que o Governo assumisse” o apoio a estas unidades.
“O Governo não pode lavar as mãos como Pilatos, na medida em que depois os produtores se confrontam com esta incerteza, que é a pior coisa que pode haver no plano da nossa produção nacional”, declarou, considerando que o apoio deve passar, por exemplo, nos combustíveis ou garantir uma tabela dos preços, para que os produtores trabalhem com “tranquilidade, com segurança”.
“Cuide o Governo da regulação dos preços, procure-se, fundamentalmente, apoios à produção e, naturalmente, temos sempre essa garantia deste bem precioso, o leite, continuar a ser produzido aqui, no nosso país”, insistiu.
Para Jerónimo de Sousa, “não é compreensível que Portugal não possa ter autossuficiência em termos de leite”, alertando que, “se houver algum estrangulamento neste setor produtivo, quem fica a perder são os portugueses” e o país.
Quanto ao aumento dos preços, Jerónimo de Sousa notou que “não é o produtor que está a ser beneficiado, não é o consumidor, são as grandes superfícies que neste momento aumentaram o preço do leite, esquecendo, silenciando essas as dificuldades reais e insegurança que resulta, dos custos de produção, com consequências que podem ser dramáticas” para Portugal.
Sobre o Orçamento do Estado, apontou que há “sempre um problema”, pois “nunca é totalmente executado”.
“Esta proposta de Orçamento terá de ser vista na especialidade, no concreto, num conjunto de medidas que muitas vezes – e isto diz-me a experiência – o papel aguenta tudo e depois essa prestação orçamental não tem, de facto, concretização, com tudo o que isso implica e significa”, acrescentou o líder comunista.