O secretário-geral do PCP destacou hoje, em Santarém, o papel dos agricultores durante os meses da pandemia da covid-19 e defendeu mais apoios para o setor e a valorização da produção nacional.
Jerónimo de Sousa visitou hoje a Feira Nacional da Agricultura (FNA), que decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, e que este ano tem por tema a água.
O líder comunista salientou a importância do regresso do certame, depois da suspensão da edição de 2020 devido à pandemia da covid-19, destacando a importância “deste grande evento” e do tema escolhido.
“A nossa presença tem este significado de valorização da produção nacional”, disse, referindo ainda o facto de estes eventos demonstrarem que é possível a sua realização, “respeitando as normas sanitárias, como está a acontecer” no CNEMA.
Por outro lado, a sua visita à FNA visou homenagear os “homens e mulheres ligados à agricultura”.
“Num tempo em que toda a gente confinava, estes homens e estas mulheres continuaram a espalhar as suas sementes, a tratar da sua produção”, afirmou, sublinhando que os aplausos têm “um significado afetivo”, mas que o setor, “mais do que aplausos”, precisa de apoios, “tendo em conta a situação em que muitos se encontram”.
Jerónimo de Sousa apontou como exemplo do “reconhecimento dessa realidade” a proposta de projeto de lei apresentada pelo PCP na Assembleia da República com vista à redução da fatura da eletricidade verde em 20% para os produtores que possuem menos de 50 hectares e até 80 cabeças de gado e de 10% para os que têm mais.
O líder comunista apontou ainda a necessidade de o país se preparar para as possíveis consequências negativas da aplicação da nova Política Agrícola Comum (PAC) e de atender ao facto de os produtores de leite portugueses enfrentarem custos 5% acima da média da União Europeia.
Para o secretário-geral do PCP, justificava-se “pelo menos tratamento igual, porque isso pode pôr em causa o futuro” da produção leiteira nacional.
Questionado sobre a falta de água no Tejo, cujo leito é condicionado pela gestão das barragens, Jerónimo de Sousa defendeu que este rio, do qual depende em grande parte o abastecimento de água na Área Metropolitana de Lisboa, deve ser alvo de uma “reflexão de fundo” e de medidas “de grande fôlego”.
O líder comunista disse ainda que a falta de resposta à produção nacional, que deveria produzir cá o que o país tem de comprar fora, “é um problema estrutural” que põe em causa a soberania e a independência alimentar.
Este ano com menos expositores e com entradas contabilizadas para cumprir as normas decretadas pela Autoridade de Saúde, a FNA reduziu igualmente os dias do evento – iniciou-se na quarta-feira e decorre até domingo – e prescindiu da realização de espetáculos.
As conferências sobre as temáticas agrícolas decorrem com transmissão ‘online’ ou em modelo híbrido, mas é possível visitar as exposições de máquinas agrícolas e a mostra pecuária, na rua, e, no interior, os ‘stands’ de empresas e de organizações e o salão “Prazer de Provar”, onde foram impostas regras para a realização de provas de alimentos e de bebidas.
No espaço exterior funcionam os restaurantes e tasquinhas, também com restrições, e são mantidos eventos da “tradição ribatejana”, como as largadas de toiros, condução de cabrestos ou perícia de campinos, bem como diversas provas equestres.