[Fonte: AJAP]
Após marcar presença na FFA – Forum For the Future of Agriculture, organizado pela ELO – European Landowners Organization, ocorrida no dia 9 de abril em Bruxelas, através do diretor geral da AJAP – Firmino Cordeiro, facilmente se percebe das dúvidas ainda existentes acerca do futuro da agricultura europeia.
Em Portugal, em final de execução do PDR 2020 um programa mal desenhado, que foi necessitando de diversas emendas ao longo do seu percurso e com debilidades financeiras, ainda assim foi dando alguns sinais de vitalidade, aumentam as nossas dúvidas relativamente ao futuro programa europeu da PAC e naturalmente a sua adaptação a Portugal, pois espera-se confuso, com novas regras e menos dinheiro.
O grau de indefinição e de incertezas na Europa foi a nota dominante do Fórum, em que estiveram presentes os comissários europeus Miguel Arias Canete – Comissário do Clima e Energia e Phil Hogan – Comissário Europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural, outros responsáveis políticos e vários dirigentes europeus.
Muitas perguntas continuam ainda sem respostas nomeadamente:
- Qual o rumo da agricultura europeia para o futuro?
- Que agricultores a futura PAC pretende privilegiar na Europa?
- Que políticas de incentivos aos jovens agricultores numa Europa envelhecida?
- Como pretende a futura PAC lidar com as grandes questões que a sociedade civil europeia coloca, desde logo o Desperdício Alimentar, Economia Circular, Sustentabilidade Ambiental e Ecológica, Alterações Climáticas (Períodos de Seca Prolongados / Uso Eficiente da Água), Combate ao abandono e desertificação das zonas rurais
Em Portugal, o Ministro Capoulas Santos, foi tentando atenuar alguns desses problemas, uma vez que, muitos deles se fazem sentir com maior intensidade nos países do sul da Europa, daí talvez uma menor preocupação por parte dos responsáveis de outros países bem mais poderosos da EU, em relação à sua grande maioria.
Com eleições europeias à porta a AJAP fica perplexa com a ainda ausência de respostas a muitas questões, desde logo a previsível diminuição financeira em relação ao II pilar da PAC para Portugal, estimada em menos 15% relativamente, ao anterior PDR, programa que por falta de verbas vai ficar aquém das necessidades rurais de investimento no país, nomeadamente no rejuvenescimento dos seus agricultores considerados dos mais envelhecidos da Europa.
Atendendo a algumas prioridades que o Ministro Capoulas Santos introduziu em Portugal, a dinamização e investimento no regadio, nas florestas, na agricultura familiar e a introdução do JER – Jovem Empresário Rural, a AJAP entende que o Ministro Português está em ótimas condições para assumir no futuro a pasta de Comissário Europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Por cá semeou ideias, algumas foram germinando e outras concretizadas, importava agora que a sua visão global sobre a agricultura na Europa face ao seu curriculum europeu, e sensibilidade em relação a outros continentes nomeadamente África, pudesse ser associado a um quadro de maior responsabilidade e de intervenção política íntegra e estratégica para a Europa e na sua relação com os países mais debilitados e com as superpotências produtivas de países de outros continentes.
Na perspetiva da AJAP o mundo não pode ter fome e em simultâneo desperdício alimentar, não pode ter terras férteis e água em abundância ao abandono em determinadas regiões e outras onde apenas se produz devido à introdução de enormes recursos energéticos à base de petróleo.
O equilíbrio alimentar e nutricional a par da segurança alimentar e da disponibilidade de alimentos, é um direito de todos os cidadãos do mundo, mas para além da fome e subnutrição, infelizmente ainda assistimos a produções sem regras, o uso às cegas de fatores de produção, ao desrespeito pelo trabalho humano e obviamente a um contributo exagerado devido às más práticas da atividade agropecuária na libertação de gases causadores de efeito estufa, como o CO2 e o CH4.
Não podemos comprometer as próximas gerações, temos de atuar com urgência e minimizar o fenómeno das alterações climatéricas, não podemos assobiar para o lado e assistir ao grito de milhares de jovens nas ruas das cidades e vilas a exigir que os responsáveis políticos não prejudiquem mais as suas vidas e dos seus futuros filhos e netos.
A Europa para ser ainda mais respeitada, tem de dar uma resposta exemplar nesta problemática, para que outros possam seguir a sua prática e mais facilmente possa influenciar os mais sépticos em relação a este problema, atualmente o mais delicado à escala mundial.
Alterações climatéricas, ecossistemas destruídos, ausência água, despovoamento e abandono dos territórios rurais são ameaças mundiais que não podem deixar indiferente, quem assume responsabilidades políticas, sob pena de amanhã ser tarde.