Leve as galochas: esta aldeia portuguesa ‘aparece e desaparece’ todos os anos e pode visitá-la

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A antiga aldeia comunitária de Vilarinho das Furnas, localizada no concelho de Terras de Bouro, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, foi submersa nos anos 70 para dar lugar à barragem com o mesmo nome. No entanto, durante os meses de verão, quando o nível da albufeira desce devido à seca ou a trabalhos de manutenção, parte da aldeia reaparece, revelando ruínas de casas, muros e caminhos outrora percorridos pelos habitantes.

De acordo com o portal Gerês Terras de Bouro, a povoação integrava a freguesia de Campo do Gerês e mantinha uma estrutura de vida comunitária, com práticas agrícolas e pastorícias partilhadas por todos os moradores. Submersa desde 1971, Vilarinho das Furnas continua a atrair a atenção de visitantes que procuram testemunhar o fenómeno do seu reaparecimento cíclico.

Uma memória de pedra que resiste à água

Segundo a mesma fonte, o local conserva uma parte significativa da sua riqueza etnográfica, hoje representada no Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas. A exposição documenta as tradições agro-silvo-pastoris e o quotidiano da comunidade, dando continuidade à memória da aldeia que o espelho de água encobriu.

Quando as águas baixam, sobretudo nos meses mais quentes, torna-se possível percorrer os antigos trilhos e identificar os alicerces das habitações, os currais e até os canais de irrigação. Conforme explica o site Gerês Terras de Bouro, o acesso ao local faz-se por um caminho de terra batida, sendo controlado pela associação “A Furna”, que representa os antigos habitantes e cobra uma pequena taxa nos meses de verão para a manutenção do espaço.

Ecos do passado e atração internacional

Este fenómeno sazonal tem despertado o interesse de viajantes de vários países. Segundo a mesma publicação, muitos descrevem a experiência como “impressionante” e falam de um “silêncio especial” que envolve a aldeia reaparecida. Há mesmo quem relate ouvir passos ou ecos durante a noite, como se os antigos moradores ainda estivessem presentes.

De salientar que a aldeia não tem data precisa de fundação, mas existem indícios remotos de ocupação humana. Após a submersão, os residentes foram realojados noutras zonas do concelho, mas mantiveram viva a ligação ao local através de encontros e atividades de preservação da memória.

Quando ir e o que esperar

A melhor altura para visitar Vilarinho das Furnas é durante o verão, quando as hipóteses de o nível da água permitir a visualização das ruínas são mais elevadas. De acordo com o site Gerês Terras de Bouro, nos restantes meses do ano, o acesso faz-se apenas a pé e a aldeia permanece, na maioria das vezes, submersa.

Para além da aldeia, a paisagem natural que a rodeia oferece um cenário de grande beleza. As serras do Gerês e Amarela enquadram a albufeira com vegetação densa, trilhos para caminhadas e zonas de observação. A conjugação entre património natural e memória histórica torna este lugar único em Portugal.

Um destino que resiste ao tempo

Apesar de estar submersa há mais de cinco décadas, Vilarinho das Furnas permanece na memória coletiva como símbolo de uma forma de vida desaparecida. A aldeia é hoje procurada não apenas por curiosidade, mas também pelo seu valor simbólico e pela ligação profunda às raízes da região.

A visita a este lugar não é apenas uma viagem física, mas também uma travessia pela história e identidade de uma comunidade que, embora afastada da superfície, nunca desapareceu por completo.

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