O presidente do PSD acusou hoje o Governo de tratar a agricultura portuguesa “com desdém”, nos últimos anos, e lançou “um grito de ajuda em nome dos agricultores” para menos burocracia no ministério da tutela.
“A partir daqui, de Reguengos de Monsaraz, é preciso que o Governo deixe de tratar a agricultura portuguesa com o desdém, com o afastamento, com que o tem feito nos últimos anos”, defendeu o presidente social-democrata.
Em declarações aos jornalistas, após reunir-se com agricultores da região, no âmbito do programa “Sentir Portugal” pelo distrito de Évora, que arrancou hoje, Luís Montenegro deu prioridade às questões ligadas à agricultura e às mensagens que ouviu dos ‘homens da terra’.
“Fico muito sensibilizado para aquilo que me vão transmitindo um pouco por todo o país e que também aqui hoje ouvi, relativamente a este sentimento de abandono” evocado pelas pessoas que “vão lutando por se manterem nestes territórios”, por não terem atividades económicas, e que se sentem “desapoiados”, disse.
No restaurante de apoio à praia fluvial de Monsaraz, no concelho de Reguengos de Monsaraz (Évora), após a reunião com os agricultores, Montenegro aludiu ao Alqueva, com a água da albufeira a escassos metros de distância, para abordar os investimentos que o empreendimento possibilitou no setor agrícola, mas também o que ainda está por fazer.
A falta de concretização da 2.ª fase do Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz, integrado no circuito hidráulico do mesmo nome, foi o ponto central das críticas, que foram ‘desaguar’ no Ministério da Agricultura.
“É de facto estranho que se tenha promovido um investimento desta envergadura e não se tenha concretizado e implementado” aquele que era “o último elemento relevante no caso de Reguengos de Monsaraz”, ou seja, “resolver aqui o problema da rega, nomeadamente na vinha, que é uma cultura onde a água tem uma preponderância enorme”, disse.
E ainda para mais quando “o país assiste, infelizmente, ao avolumar dos problemas que a seca tem vindo a trazer, que este ano de resto foram bem evidentes. E, colocando em causa aquilo que são as culturas e a subsistência deste setor, coloca-se também em causa a ocupação do território”, argumentou.
Alegando que tem “vindo a verificar uma ausência completa de estratégia por parte do Ministério da Agricultura”, o líder do PSD aproveitou para lançar “um alerta, um repto, para não dizer mesmo um grito de ajuda em nome dos agricultores portugueses”.
“Para que o ministério deixe de estar tão embrulhado em burocracia, deixe de estar tão preocupado em ofender os agricultores e possa efetivamente trazer ao dia-a-dia de cada um o potenciar da sua atividade, porque nós precisamos de ter um setor agrícola pujante”, defendeu.
A agricultura portuguesa “precisa de ser mais apoiada”, lembrou Montenegro, considerando que o orçamento do estado “é também um veículo” para “canalizar investimento prioritários, muitos deles de baixo valor”, para esse setor.
O programa “Sentir Portugal”, que já teve uma primeira edição no distrito de Viseu, vai levar o líder social-democrata, ao longo desta semana, aos 14 concelhos do distrito de Évora.