
A situação financeira da Loja do Gato Preto entrou numa fase crítica. A empresa responsável pela marca, controlada pelo grupo Aquinos, avançou com um Processo Especial de Revitalização (PER) para tentar recuperar a sua viabilidade, depois de acumular dívidas no valor de 49,5 milhões de euros. O processo, que decorre no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, em Sintra, envolve mais de 300 credores, entre bancos, fornecedores e trabalhadores.
De acordo com o jornal Expresso, os bancos representam cerca de 25% do total dos créditos reclamados, enquanto o grupo Aquinos, proprietário da marca desde 2020, é responsável por mais de metade das dívidas. A empresa procura agora reorganizar as suas responsabilidades financeiras e garantir a continuidade das operações em Portugal e Espanha.
Credores somam quase 50 milhões de euros
Segundo a publicação, os créditos reclamados totalizam 49,5 milhões de euros. A maior fatia pertence ao grupo Aquinos, com 26 milhões de euros em créditos sobre a Loja do Gato Preto. Deste valor, 23,8 milhões dizem respeito ao fornecimento de bens e serviços pela Aquinos SA; e 1,6 milhões a suprimentos da Aquinos Retail SGPS.
A banca surge como o segundo maior credor, com instituições como o BBVA (2,5 milhões de euros), o Novo Banco e o BPI (1,9 milhões cada), a Caixa Geral de Depósitos (1,6 milhões), o BCP (1,2 milhões) e o Montepio (1,03 milhões). Outros bancos, como o Crédito Agrícola e o Bankinter, também constam da lista, embora com valores inferiores a um milhão de euros, refere a mesma fonte.
Trabalhadores também entre os credores
Os trabalhadores da rede de lojas têm créditos de cerca de 1,6 milhões de euros, conforme a lista provisória divulgada pelo administrador judicial Jorge Calvete. Todos os créditos apresentados foram reconhecidos, sem registo de impugnações.
A empresa justificou as dificuldades financeiras com “constrangimentos e pressões do mercado”, que afetaram o retalho especializado em Portugal. Em setembro, o grupo Aquinos confirmou que o PER é uma “medida necessária para assegurar a continuidade da atividade e proteger os postos de trabalho”, escreve o jornal. Quer isto dizer que, pelo menos para já, as Lojas do Gato Preto mantêm-se abertas.
Investimentos e prejuízos recentes
O grupo Aquinos adquiriu a Loja do Gato Preto em 2020, pouco antes da pandemia, e apostou na expansão internacional, abrindo novas lojas em Portugal e Espanha. Atualmente, a rede conta com 39 espaços, oito dos quais em território espanhol.
Contudo, os anos seguintes foram marcados por uma descida acentuada nas vendas e dificuldades de liquidez. Segundo o Expresso, o grupo registou prejuízos de 15 milhões de euros em 2024, depois de ter encerrado 2023 com lucros de 127 mil euros.
Mercado pressionado e planos de revitalização
O grupo Aquinos enfrenta ainda dificuldades financeiras na Polónia e problemas com fornecedores, devido a atrasos nas entregas de mercadorias.
A empresa admite estar a preparar um “programa de revitalização com medidas extraordinárias”, com o objetivo de garantir a continuidade das operações e responder às exigências do mercado, conforme a mesma fonte.
Os bancos, por seu lado, terão endurecido as condições de financiamento, uma vez que também estão expostos financeiramente ao grupo Aquinos e não apenas à Loja do Gato Preto. A decisão sobre o futuro da marca deverá depender da aprovação do plano de revitalização nos próximos meses.
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