Luís Dias

Luís Dias: 28 dias depois, nada mudou e tudo mudou

Há precisamente quatro semanas, iniciei uma greve de fome em protesto contra a indiferença destrutiva do Estado que, depois de ter reconhecidamente boicotado a viabilidade de um projeto agrícola exportador numa das mais deprimidas regiões do país, mantém-se hoje mais empenhado em encobrir os seus próprios erros do que em remediar a situação e recuperar o investimento público e privado já cometido ao projeto.

Ao longo destas quatro semanas, o Governo manteve-se incapaz de assumir as suas responsabilidades, apesar de elas terem sido reconhecidas em 2019 pelo então ministro da Agricultura Capoulas Santos, pela Provedora de Justiça e por decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa, no início de 2020. Era esta a realidade do caso antes de iniciar a greve de fome e, 28 dias, esta realidade não se alterou.

No entanto, muito mudou. Nos últimos dias fiquei profundamente sensibilizado com as manifestações de apoio e solidariedade que recebi, de transeuntes que me visitaram em frente ao Palácio de Belém, de personalidades da vida política e cívica e de organizações da sociedade civil. Este domingo, além de uma visita da ex-eurodeputada Ana Gomes e de outros ativistas, recebi uma visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Estou grato pelo apoio de todos os que vieram em minha defesa nos últimos dias. Estou grato ao Presidente Marcelo pela visita que me fez e pela conversa substantiva que manteve comigo, esta tarde, sobre o processo. Estou grato pelo interesse do Presidente em manter-se informado sobre o caso e espero que exerça a sua magistratura de influência no sentido, não de defender o meu interesse particular, mas de garantir o regular funcionamento das instituições democráticas que a Constituição lhe confia, para chegarmos tão rapidamente quanto possível a uma solução.

Há 28 dias iniciei este protesto solitariamente. Hoje, sensibilizado pelo apoio de tantos que recebi, e pelos apelos – incluindo do Presidente da República – a que preservasse a minha saúde, decidi interromper a greve de fome. Estou confiante que este combate tem hoje muitos apoiantes e que a melhor forma de continuá-lo, em Portugal e nas instâncias europeias, é trabalhando com os cidadãos que entretanto se juntaram a esta causa, pela defesa dos meus direitos mas, mais do que isso, pela garantia de transparência, lisura e eficiência na gestão dos fundos europeus. Em nome da justiça e do desenvolvimento do país.

Bem haja a todos! Continuaremos juntos o combate.

Belém, 6 de Junho de 2021
Luís Dias

Comunicado enviado por Luís Dias.


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