e acordo com o relatório daquela agência das Nações Unidas, com dados do terreno até 03 de setembro, um ataque destes grupos, em 25 de agosto, na aldeia de Mapate, a cerca de 20 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe, “desencadeou o deslocamento de 1.319 pessoas”, equivalente a 310 famílias, para centros temporários em Mandava e Muambula, incluindo 320 crianças.
“Das 1.319 pessoas, 91 idosos e 23 gestantes foram registados [nestas contas]. As principais necessidades humanitárias incluem alimentos, abrigo e itens não alimentares. As equipas de campo também relatam que os recém-chegados estão a ser acolhidos por famílias locais em Mandava e Muambula, o que limita ainda mais os recursos disponíveis”, lê-se.
O relatório da OIM aponta que este foi maior número de deslocados entre o “pico” de deslocamentos em Muidumbe “nos últimos três meses”, devido aos ataques destes grupos de insurgentes.
No final de julho, ataques de grupos terroristas no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre.
A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.
Na segunda-feira, a Lusa noticiou também que pelo menos seis pessoas foram mortas e campos agrícolas saqueados durante um ataque de supostos terroristas, no distrito de Muidumbe, em 06 de setembro.
O Governo moçambicano lamentou na terça-feira os ataques terroristas registados nos últimos dias em Cabo Delgado, norte de Moçambique, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha “menos sofrimento possível”.
“Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros, após mais uma sessão do órgão, em Maputo.
Numa menção ao ataque ocorrido em Mocímboa da Praia, no domingo, em que foram mortas quatro pessoas, assegurou que as Forças de Defesa e Segurança “estão em campo e no terreno”, sob coordenação dos ministros da Defesa e do Interior, a quem atribuiu a responsabilidade de dar informações sobre o ponto de situação naquela região.
Referiu ainda que é papel do Estado travar a “onda de malfeitores” em Cabo Delgado para que não se registem novos ataques e não se ponha em causa a “tranquilidade dos moçambicanos em qualquer parte do país”.
Pelo menos quatro pessoas foram mortas e uma viatura incendiada após supostos terroristas entrarem a disparar na vila sede de Mocímboa da Praia, disseram à Lusa, na segunda-feira, fontes locais.
O administrador distrital confirmou as quatro mortes, referindo que já foi restabelecida a ordem naquela região, com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas a perseguir os supostos terroristas que atacaram a vila.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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