A Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez forneceu, entre setembro e novembro, 730 quilogramas de carne de raça cachena a quatro agrupamentos escolares, ao abrigo do programa municipal de valorização de produtos e produtores locais, foi hoje divulgado.
Contactado hoje pela agência Lusa, a propósito do apoio de 24 mil euros, aprovado pela Câmara de Arcos de Valdevez para fornecimento daquela carne aos refeitórios escolares, durante o letivo 2021/2022, o presidente da Cooperativa Agrícola, José Carlos Gonçalves explicou que desde o início das aulas, em setembro, e até este mês, foram entregues um total de 730 Kg de carne daquela espécie.
Típica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a carne de vaca Cachena tem Denominação de Origem Protegida desde 2002, sendo criada, de “forma extensiva, o mais natural possível, no Solar da Raça Cachena, em plena liberdade, em pastos de alta montanha”.
A vaca Cachena da Peneda é a mais pequena raça bovina portuguesa e uma das mais pequenas do mundo. O animal atinge uma altura máxima de 110 centímetros e sobrevive ao frio nas serras da Peneda, Soajo e Amarela, no Parque Nacional na Peneda-Gerês (Norte de Portugal).
A aquisição daquela carne para os refeitórios dos agrupamentos escolares começou no ano letivo passado.
“No ano letivo 2019/2020, o fornecimento começou em abril e prolongou-se até julho. No total, foram entregues aos estabelecimentos de ensino cerca de 740 Kg de carne cachena”, afirmou José Carlos Rodrigues.
A Cooperativa Agrícola, que representa 2.500 criadores de Arcos de Valdevez e do município vizinho de Ponte da Barca, produzem por ano “cerca 500 animais” daquela espécie.
Além de fornecer as escolas do concelho, “a produção da Cooperativa agrícola destina-se aos talhos da região, sendo que ao abrigo de uma parceria com a PEC Nordeste, empresa em Penafiel, do Grupo Agros, que opera no apoio à produção pecuária nacional, na criação, abate, desmancha e comercialização de animais, a carne cachena é distribuída em várias zonas do país”.
José Carlos Gonçalves destacou a importância do apoio da autarquia “na promoção da carne de uma raça que estava praticamente em extinção”.
“Não temos muitos animais, mas queremos preservar a raça endógena. Até aos cinco meses os animais andam soltos na serra, depois é que vêm para os estábulos porque caso contrário a carne seria muito dura. Na serra deslocam-se muito. É como um jogador de futebol. Depois de andar na serra a carne é muito musculosa e, por isso, tem de estar nos estábulos uns meses no estábulos, com alimentação própria, para estabilizar e a carne ficar macia”, explicou.
Em comunicado hoje enviado às redações, a Câmara de Arcos de Valdevez informou que na última reunião do executivo municipal foi aprovada a renovação do protocolo de colaboração entre o município, a Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez, o Agrupamento de Escolas de Valdevez, a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Agrupamento de Escolas de Valdevez e a Uniself, para dar continuidade ao fornecimento de carne de cachena aos refeitórios escolares.
Esta medida “está enquadrada no Programa de Valorização dos Produtos e Produtores Locais – “Terras do Vez – Sabores e Tradições”, implementado pela autarquia.
O “município e os seus parceiros pretendem promover, valorizar e divulgar os produtos locais, bem como melhorar a qualidade e o valor nutricional das refeições servidas aos alunos do agrupamento de escolas de Valdevez”.
A medida “foi elogiada pela pelo Ministério da Educação, através da Direção Geral da Educação e Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, e pela DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária, do Ministério da Agricultura”.
Aquelas entidades “entendem que é um projeto inovador e uma iniciativa amiga do ambiente, promotora da economia local e a carne Cachena um produto local com uma pegada ecológica mais baixa e cultural, pois valoriza e promove tradições e saberes ancestrais, económica, já que contribui para a dinamização da produção e do comércio local, bem como contribui para melhorar a qualidade das refeições escolares”.
Esta raça é explorada em regime extensivo, por vezes quase semisselvagem e é atualmente parte “integrante do património genético de Portugal”.