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Manifestação por um futuro sustentável da produção de leite em Portugal

26 de fevereiro – 11h00 – Porto – Frente à Câmara Municipal do Porto

Em 2020 Portugal perdeu 200 produtores de leite. Duzentas famílias e funcionários que abandonaram esta atividade. Restam apenas 4000 agricultores neste setor, menos de metade em Portugal continental. Os que resistem ou sobrevivem estão cansados, revoltados e muito preocupados com o futuro. Em dezembro, o preço médio ao produtor foi 30,4 cêntimos/kg, um dos mais baixos da Europa. Não temos qualquer indicação de subida desse preço. O leite está a ser pago aos produtores abaixo dos custos de produção.

Em dezembro o preço da ração começou a subir. Há agricultores a pagar 38 cêntimos por kg de ração. Não sabemos como vai evoluir esse preço. Apesar de ser apenas 20% da quantidade total de alimento ingerida por uma vaca, a ração representa 50% dos custos de uma vacaria.

Este preço baixo do leite tem sido mitigado, ao longo dos anos, com as ajudas da PAC, mas no final de 2020, fomos confrontados com simulações da evolução das ajudas ao rendimento para os próximos anos realizados por entidades independentes,  como a Universidade Católica do Porto ou o Professor Francisco Avilez, que apontam uma enorme redução das ajudas anuais à produção de leite, um setor competitivo, criador de emprego, exportador e responsável pelas  paisagens do Entre Douro e Minho e da Beira litoral, as principais bacias leiteiras no continente.

Tem sido apontada pelo Ministério da Agricultura a hipótese de mitigar essa redução com um ajuste dos pagamentos ligados e a introdução de “eco-regimes”, com o objetivo de pagar o contributo da agricultura e da produção de leite no combate às alterações climáticas e na preservação do ambiente e biodiversidade, mas na verdade as simulações mais otimistas do próprio ministério indicam perdas brutais nas ajudas ao rendimento dos produtores de leite.

Para os agricultores e produtores de leite, mais importante que as ajudas seria receber um preço justo. Esse tem sido o foco da APROLEP desde a sua fundação em 2010, mas até atingir esse ideal as ajudas serão fundamentais. A APROLEP defende também as propostas do European Milk Board, Associação Europeia de Produtores de Leite, para um mecanismo de alerta precoce de crises de mercado e um programa de redução voluntária da produção em caso de excedentes.

Com o objetivo de alertar o Governo e os vários partidos para a necessidade de aplicar no terreno a nova PAC, permitindo  a sobrevivência imediata dos agricultores, com o objetivo de desafiar mais uma vez a indústria e a distribuição a dialogarem para colocar o preço do leite ao produtor em níveis sustentáveis, a APROLEP vai colocar no chão da Avenida dos Aliados, no Porto, cidade que está no centro das maiores bacias leiteiras do país, as botas usadas pelos produtores de leite, representando os 200 produtores que abandonaram o setor no último ano e muitos mais que irão abandonar se não for alterado este caminho para a morte lenta da produção de leite em Portugal.

A Direção da Aprolep


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