Várias marcas britânicas de produtos lácteos estão vinculadas a plantações de soja que contribuem para a “devastação” de milhares de quilómetros da Amazónia e do Cerrado brasileiros, segundo uma investigação publicada hoje pela Greenpeace e pelo canal ITV.
Quintas do Reino Unido abastecem produtores como Cadbury (chocolate), Cathedral City (queijo) e Anchor (manteiga) com leite e outros produtos lácteos obtidos de vacas alimentadas com soja de fontes “controversas”, argumentou a organização não-governamental (ONG) Greenpeace em comunicado.
A ONG ambiental sustentou que os produtos de soja comprados pelas fazendas à empresa norte-americana Cargill provocam desflorestação também no bioma brasileiro do Cerrado, onde vivem 5% das espécies vegetais e animais do planeta.
A investigação, da qual também participou a organização britânica ‘Bureau of Investigative Journalism’ e que rastreou a soja usada no Reino Unido até à sua fonte original, “levanta questões sobre a certificação de soja sustentável da Cargill”, assegurou a Greenpeace.
Para os ambientalistas, o selo “triplo S” que algumas empresas usam para demonstrar as qualidades ambientais dos seus produtos permite que a soja proveniente de plantações sustentáveis seja misturada com outros componentes de “fontes não certificadas”.
Também afirmam que imagens aéreas revelaram que pelo menos uma fazenda certificada com essa distinção destruiu uma área arborizada em 2010.
Um porta-voz da Cargill disse à Greenpeace que a companhia “tem trabalhado incansavelmente para implementar uma cadeia de abastecimento de soja mais sustentável” e tem “contribuído para enfrentar o desafio urgente de proteger as florestas e vegetação nativa” na região.
“As pessoas não têm ideia de que o seu queijo causa desflorestação”, disse à ITV Anna Jones, porta-voz da Greenpeace no Reino Unido.
“O motivo pelo qual isso importa é porque essas florestas que têm sido destruídas são de vital importância para o nosso clima e para a saúde do planeta. Se não tivermos essas florestas, o nosso clima irá tornar-se num caos”, alertou.