
Apesar da intensidade e duração dos incêndios que têm assolado o país ao longo do mês de agosto, o Presidente da República constatou que, “no quadro do que existe até hoje, não há paralelo com o drama de 2017”, afirmou ao jornal “Nascer do Sol”, que publicou as declarações esta sexta-feira. Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou, no entanto, que o perigo ainda não passou, porque “ainda falta o resto de agosto, setembro e outubro”. Em 2017, voltou a haver uma tragédia com 9 mortos no mês de outubro, com incêndios graves no Algarve.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “esta situação é muito diferente da que vivemos em 2017 em dois aspetos fundamentais: em número de mortos e em número de feridos”. Nesse ano, morreram 75 pessoas vítimas dos fogos florestais, a maior parte das quais na tragédia de Pedrógão Grande.
Depois da catástrofe desse ano, que levou o Presidente a pedir a cabeça da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, Marcelo fez a sua recandidatura depender da eficácia no combate aos fogos florestais: “Na altura, o que eu disse foi que, se o Estado voltasse a falhar na defesa das vidas humanas e houvesse uma nova tragédia, eu não seria recandidato”, recordou ao jornal “Nascer do Sol”, que lhe perguntou se continuava tudo na mesma.
O Presidente da República justificou que “mudou muita coisa em relação ao passado, nomeadamente na estratégia de combate aos incêndios: até 2017, nós tínhamos um combate às frentes de fogo florestais, privilegiando a defesa da floresta; a partir daí, passámos a ter uma estratégia que privilegia a defesa das vidas humanas, dos animais e do património em primeiro lugar”. De acordo com Marcelo, “o Governo não teve outro remédio se não meter mãos à obra e evitar males maiores”.
“São muitas, muitas, muitas as instituições que estão a trabalhar em conjunto, é um esforço muito grande, mas certamente chegaremos a conclusões de como trabalhar em conjunto. Relativamente a 2017 e a Pedrógão, aprendeu-se uma parte, mas ainda se vai aprender muito mais”, já tinha dito o Presidente da República, esta terça-feira, quando se deslocou a Vila Franca de Deão, para o funeral do autarca Carlos Dâmaso, que morreu a combater um incêndio.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que “a reflexão é inevitável” sobre os problemas operacionais que afetaram o combate aos incêndios estas semanas. “Admito que quem acaba de chegar há dois meses esteja a descobrir os problemas e as respostas a dar”, respondeu ainda, comentando o silêncio da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral.