Margem de lucro dos retalhistas chega a 50% em produtos alimentares essenciais

Em 2022, a margem de lucro média dos retalhistas em produtos como ovos, laranja, cenoura ou febras de porco fixou-se entre 40% e 50%, de acordo com a análise feita pela ASAE.

No ano passado, as margens médias de lucro bruto que as empresas retalhistas, como supermercados e hipermercados, obtiveram com alguns dos principais bens alimentares essenciais chegaram até aos 50%. A conclusão é da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e resulta dos relatórios mensais que este organismo tem feito desde Janeiro de 2022, nos quais tem analisado a evolução dos preços de um cabaz de bens alimentares essenciais.

Os dados foram apresentados, esta quinta-feira, pelo ministro da Economia, António Costa Silva, e pelo inspector-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, que divulgaram os resultados mais recentes das inspecções que têm sido conduzidas pela ASAE.

Para já, a análise feita pela ASAE não permite concluir se as retalhistas têm obtido lucros ilegítimos (isto é, se as suas práticas de preços se enquadram no crime de especulação), uma vez que, para isso, será preciso avaliar a margem de lucro líquida, uma análise que não está feita (ver caixa).

Mas os relatórios já publicados mostram uma tendência em claro contraciclo com o movimento da inflação média nos últimos meses, que já está a cair, enquanto a inflação apenas dos produtos alimentares continua a crescer a ritmo acelerado.

Só em Fevereiro a taxa de inflação geral fixou-se em 8,2%, um valor 0,2 pontos percentuais abaixo da taxa registada em Janeiro, enquanto a variação índice de preços relativo aos produtos alimentares não transformados foi de 20,11% em Fevereiro.

A margem que tem sido obtida pelas retalhistas poderá ajudar a explicar esta discrepância. “Dos elementos obtidos até ao momento, no retalho, registámos margens médias de lucro bruto, referentes ao ano de 2022, entre: 20% e 30% (açúcar branco, óleo alimentar, dourada); 30% e 40% (conservas de atum, azeite, couve-coração); 40% e 50% (ovos, laranja, cenoura, febras de porco); e mais de 50% (cebola)”, refere a ASAE.

A entidade de inspecção económica apresenta ainda alguns casos concretos de produtos em que as retalhistas aumentaram a margem de lucro de forma expressiva. Entre Janeiro de 2022 e Dezembro do mesmo ano, a margem média de lucro bruto com o açúcar branco, considerando o preço por quilo, aumentou de 7% para 23%.

Já no leite UHT meio gordo, considerando o mesmo período e o preço por litro, a margem de lucro duplicou de 9% para 18%, enquanto na maçã golden passou de uma margem negativa de -2% para 16% e, no peixe, o robalo fresco nacional aumentou de 2% para 7%, no período em análise.

Este movimento tem contribuído para um aumento acentuado dos preços suportados pelos consumidores finais. […]

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