uva mau estado

Medidas preventivas – Doenças do lenho da videira

Conheça as medidas preventivas para combater as doenças do lenho da vinha.

Doenças do lenho (DL)

As DL são, atualmente, uma grave ameaça à produção estável e duradoura da vitivinicultura, a nível mundial. As DL atingem as plantas-mãe de porta-enxertos, os viveiros vitícolas, as videiras jovens e adultas em início de produção ou em produção. Comprometem o sucesso de novas plantações de Vinha, diminuem a longevidade e o rendimento das vinhas, bem como a qualidade das uvas, dos mostos e dos vinhos.

Estas doenças, de um modo geral, depois de instaladas, não têm tratamento e impõem-se, por isso, medidas preventivas cuidadosas e persistentes, desde o início, para impedir a infeção e desenvolvimento de DL na vinha.

Medidas preventivas na plantação de vinhas novas

1) Preparação cuidadosa do terreno, mobilizando-o em profundidade,

2) Adubação de fundo e incorporação de matéria orgânica baseadas nos resultados da análise prévia do solo.

3) Utilizar porta-enxertos e garfos ou enxertos-prontos de proveniência segura, isentos de DL.

4) Plantar a nova vinha durante o inverno, o mais tardar até fevereiro. Desaconselha-se totalmente a plantação tardia, além deste período.

5) Quando se utiliza broca, deve haver o cuidado de picar a terra das paredes da cova de plantação, de forma a permitir que as raízes da videira se possam desenvolver livremente.

6) Não danifique nem corte as raízes das jovens videiras. Espalhe bem as raízes, no fundo da cova de plantação

7) Antes da plantação, inocule as raízes das videiras com produtos à base de Trichoderma.

8) Evite os fatores de stress para as plantas, como por exemplo, a compactação do solo e a má drenagem.

9) Evite altas densidades das plantas, sobretudo nas zonas baixas e mais férteis para reduzir a pressão das DL na vinha,.

10) Vinhas expostas a sul, em cotas mais altas, com menor humidade, resultam num melhor desenvolvimento, videiras mais saudáveis e prevenção das DL.

11) Não forçar as videiras a grandes produções muito cedo, sem que o seu sistema radicular esteja bem desenvolvido.

Medidas preventivas na poda

1) Reduzir os cortes extensos. Não faça cortes rente ao tronco.

2) Podar em tempo seco e sem vento.

3) Podar em duas etapas:

  • pré-poda mecânica
  • poda de condução, mais tarde.

4) Desinfetar as feridas de poda, por  pulverização ou por pincelagem, com um  fungicida homologado à base de Trichoderma, que impede a penetração dos fungos da esca e de outras DL na planta.

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e pode ser utilizado nos outros modos de produção.

Doenças

Esca ou Síndrome da Esca (Phaemoniella chlamydospora, Phaeoacremonium spp., Fomitiporia mediterranea, etc.)

A esca é uma doença causada por um  complexo de fungos. Algumas espécies destes fungos, ditos pioneiros ou primários, colonizam a videira numa fase inicial. Numa fase posterior, o lenho da videira, já doente, é invadido por outros fungos, secundários, que operam a degradação final da madeira.

Medidas preventivas durante a poda

  • As videiras que tenham secado durante o verão, ou que estejam muito enfraquecidas, sem possibilidade de recuperação, devem ser arrancadas antes da poda ou no seu início, para reduzir os focos de infeção dos fungos da esca durante a poda.
  • A poda deve ser moderada. Não faça cortes extensos nem podas severas, muito menos nas videiras afetadas, a não ser para as tentar reconstituir ou reenxertar.
  • Pode com tempo seco e sereno.
  • Pode as videiras com esca à parte.
  • Desinfete as feridas de poda, por pulverização ou por pincelagem, à medida que vai avançando (ao final de cada dia, por exemplo). As feridas de poda permanecem como vias de infeção pelos fungos do lenho durante um longo período de tempo. A proteção das novas feridas e das mais antigas é fundamental para limitar o desenvolvimento dos fungos da esca e de outras doenças do lenho.
  • Nesta desinfeção utilize produtos químicos, à base de boscalide piraclostrobina (TESSIOR) ou biológicos, à base de Trichoderma (BLINDAR ● ESQUIVE WP ● VINTEC).
  • Desinfete os instrumentos de poda com lixívia ou álcool, durante o trabalho.
  • Se não utiliza destroçador, retire do terreno e queime toda a lenha, com ou sem sintomas de esca.
  • A lenha de poda, mesmo com sintomas de esca, também pode ser devolvida à terra. Para tal deve ser triturada mecanicamente e compostada, durante pelo menos 6 meses. As temperaturas atingidas no processo de compostagem, destroem os fungos presentes na lenha.
  • O composto pode ser então espalhado na vinha, quer constituindo um mulsching na linha, impedindo a emergência de infestantes, quer como fertilizante orgânico. Os produtos à base de Trichoderma são autorizados no Modo de Produção Biológico (e podem também ser usados nos outros modos de produção).

Declínio das Videiras Jovens

Nos últimos 30 anos, foi detetado e tem vindo a ser estudado o fenómeno conhecido como declínio das videiras jovens, que compromete o sucesso das novas plantações, levando ao seu declínio e morte, não chegando muitas das videiras a entrar em produção. Trata-se sobretudo da doença de Petri e da doença do Pé-negro.

À observação macrovisual (“à vista desarmada”), os sintomas de ambas as doenças são muito semelhantes.

Nas videiras doentes, nota-se um atraso de desenvolvimento vegetativo, menor vigor, entrenós curtos, atempamento irregular das varas e folhas com cloroses e necroses idênticas às da esca. Os cachos podem secar.

Na Região dos Vinhos Verdes, verifica-se ainda: seca de porta-enxertos, enxertos-prontos que morrem no ano seguinte à plantação, mau pegamento à enxertia, morte após o início da rebentação.

Eutipiose (Eutypa lata)

Trata-se de uma doença aparentemente em regressão nos países vitícolas. No Minho é pouco frequente.

As videiras afetadas pela eutipiose devem ser podadas o mais tarde possível, em fase de seiva ascendente (quando as varas cortadas “choram”). Esta secreção de seiva (“chora”) protege os cortes da poda da contaminação pela eutipiose.

Numa poda de fim de inverno, as temperaturas mais amenas permitem a cicatrização mais rápida dos cortes.

O método de regeneração de videiras descrito para as DL no geral, dá bons resultados para recuperar videiras afetadas por eutipiose.

Os cortes devem ser desinfetados com produtos químicos ou biológicos, à base de Trichoderma, por pulverização ou pincelagem.

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e nos outros modos de produção.

Escoriose Europeia Botriosferiose – Black Dead Arm – BDA – (Botryosphaeria spp.)

A botriosferiose manifesta-se em videiras  jovens e adultas, causando o enfraquecimento e quebra de rendimento das videiras atingidas.

Medidas Preventivas:

  • Podar o mais tarde possível, com tempo seco.
  • Podar em último lugar as plantas doentes.
  • Queimar a lenha de poda.
  • Proteger as feridas de poda com um fungicida pulverizado ou por pincelagem (feridas maiores). Podem ser usados fungicidas químicos (TESSIOR) ou biológicos, à base de Trichoderma (ESQUIVE WP)
  • Na instalação de vinhas novas, é  necessário preparar bem o solo, criando uma estrutura favorável, a boa profundidade, que permita o desenvolvimento de um sistema radicular forte (raízes). Só um sistema radicular bem desenvolvido e saudável pode assegurar uma boa absorção de água pelas videiras e diminuir as possibilidades de stress hídrico.
  • Arrancar ou recuperar as vinhas abandonadas. As formas de recuperação de videiras afetadas pela esca, também são válidas para as afetadas por BDA.

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e noutros modos de produção.

Escoriose Americana (Phomopsis vitícola)

Doença muito comum na Região dos Vinhos Verdes, atinge os pâmpanos, as folhas e os cachos, causando perdas de produção e o enfraquecimento progressivo da videira. Obriga a dispendiosos tratamentos anuais, em início de estação. Devem  ser tomadas medidas preventivas, antes do aparecimento de sintomas na vinha.

Medidas Preventivas

  • Durante a poda, devem ser eliminadas o mais possível e queimadas no local, as varas com  sintomas de escoriose. (Figura 15).
  • Nas videiras com sintomas severos da doença, é necessária uma poda mais longa, tendo em conta que os gomos da base, atingidos pela escoriose, poderão não rebentar.
  • Reservar varas para enxertia apenas em cepas isentas de escoriose (e de outras doenças do lenho (esca, eutipiose) e de flavescência dourada).
  • Colher garfos no terço superior da vara.

O artigo foi publicado originalmente na Circular n.º 19 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.

Medidas preventivas – Doenças da vinha

 


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