Recursos. A região é uma das principais áreas agrícolas, mas sente-se órfã de um investimento semelhante ao que permitiu ao Alentejo subir de nível na produção e dinamizar toda a economia.
A água é um bem escasso, seja qual for a geografia, e o Médio Tejo não foge a essa regra. Só que numa região com uma forte componente de atividade agrícola, o acesso aos recursos hídricos para o regadio assume uma importância ainda maior. Sobretudo se a água que existe for mal aproveitada.
“É uma pena o nosso maior rio deixar passar 80% do seu caudal livre para o mar”, refere José Núncio, presidente da Federação Nacional de Regantes de Portugal, em relação ao Tejo. O rio mais extenso, e com a terceira maior bacia hidrográfica da Península Ibérica, é o principal curso de água dos 13 municípios, mais de 220 mil habitantes da região, mas isso não impede que haja uma insatisfação generalizada quanto ao seu aproveitamento e ao investimento que tem sido (ou não) feito para impedir o definhamento do regadio. “A nossa bacia agrícola mais importante não é aproveitada, é a nossa maior riqueza”, relembra o responsável. As “barragens são um mal necessário”, sobretudo quando atualmente cada vez mais “pessoas recorrem a furos e isso é pior”, explica. “Quando falamos de água do Tejo não temos necessidade de estar sempre de mão estendida para pedir água aos espanhóis”, atira.
A questão do país vizinho é importante, porque Espanha controla cerca de 2/3 dos recursos hídricos do rio com as suas barragens, pelo que os presentes no Convento de Cristo, em Tomar, para mais uma edição dos Encontros Fora da Caixa (organizados pela Caixa Geral de Depósitos com o apoio do Expresso) deixam um apelo para que se encontrem formas alternativas de aumentar o acesso à água sem prejudicar o ambiente. “A água é ‘O’ tema”, defende o diretor-geral da Valinveste, Joaquim Pedro Torres, para quem é importante pensar no impacto que um “novo Alqueva” poderia ter na região. “Se ali [Alentejo] aconteceu, porque não replicar nesta região? Temos condições para o fazer, utilizamos apenas 15 a 20% dos nossos escorrimentos superficiais.” Para Joaquim Pedro Torres não há dúvidas: “Desperdiçar um conjunto tão grande de recursos […]