Responsável da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais diz que sem o envolvimento dos proprietários o caminho será mais lento e difícil. E esse papel cabe, sobretudo, ao Parlamento, defende.
As alterações introduzidas à gestão dos fogos, depois dos trágicos incêndios de 2017, começam a dar frutos, mas esta ainda se debate com problemas difíceis de solucionar. Nota-se uma mudança de comportamento das populações, sobretudo nos dias de maior risco, há mais trabalho feito na gestão das faixas de combustível, nas zonas mais vulneráveis, e a eficácia no combate ao fogo parece ter crescido.
Mas a prevenção, que vários especialistas defendem ser a chave-mestra para deslindar todo o problema, continua a ter menos meios do que a supressão, e o envolvimento dos proprietários, essencial para que tudo funcione, ainda está muito longe do necessário. Tudo isto se retira do relatório de actividades do Sistema de Gestão Integrada dos Fogos Rurais (SGIFR), elaborado pela Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que é entregue esta quinta-feira no Parlamento.
“Os resultados inspiram, mostram o muito que foi feito, mas colocam desafios. Para isto ser sustentável é preciso envolver os proprietários privados; para tornar o país mais seguro é necessária mais mobilização e garantir que cada região consegue olhar para o seu risco e encontrar soluções à escala regional”, diz Tiago Oliveira, presidente da AGIF.
Olhando para os dados sobre os incêndios de 2021, os resultados são positivos. Em 2021 houve 8223 incêndios rurais, o que representa menos 15% do que no ano anterior e menos 54% da média dos últimos dez anos (2011-2020). A área ardida – 28.415 hectares – também foi bem menor do que a de 2020 (-58%) ou da década anterior (-78%, notando-se aqui a grande influência dos gigantescos incêndios de 2017) e o número de vidas perdidas foi seis, incluindo dois bombeiros que morreram num acidente rodoviário a caminho de um incêndio, em Bragança, e quatro civis que morreram na sequência de queimadas iniciadas pelos próprios e que se tornaram incontroláveis.
Para estes valores contribuiu, entre outros factores, um ano meteorológico favorável, com menos dias associados aos riscos mais elevados de incêndio. “Neste ano, mais seco, estamos com uma preocupação grande, sobretudo relacionada com os fogos de origem acidental, e que vão subir no Alentejo e no Algarve”, antecipa Tiago Oliveira.
Isto porque os dados também mostram que 99% […]