Maria do Ceu Antunes

Ministra da Agricultura “aguarda” novos apoios ao setor da UE

“As situações de crise evidenciam a importância de Portugal manter um nível de produção nacional de cereais”.

Um dia antes de ter inaugurado a Ovibeja 2022, a ministra da Agricultura e Alimentação disse ao “Diário do Alentejo” ser “fundamental desenvolver modelos inovadores para criar um sistema alimentar abrangente que beneficie o meio ambiente, a saúde e a economia”. No que se refere à dependência do exterior nos cereais, diz estarem “em curso e em ponderação um conjunto de medidas no sentido de aumentar a capacidade de armazenagem, facilitar o acesso nacional às mercadorias e incentivar a produção nacional”.

A 38.ª EDIÇÃO da Ovibeja teve como  tema “como alimentar o Planeta?”. Infelizmente, dada a conjuntura atual, foi uma escolha “feliz”. Como olha para este problema e qual o papel que Portugal pode desempenhar na procura de uma solução?

Hoje, mais do que nunca, o tema da alimentação e da soberania alimentar é um dos maiores desafios à sociedade. Os recentes acontecimentos na Europa, com a Rússia a invadir a Ucrânia, vieram mostrar as fragilidades de uma sociedade de consumo e provaram que a alimentação não é um luxo. Pelo contrário, ela é essencial para a sobrevivência humana. Temos de olhar para o tema da alimentação como um todo, desde a produção ao consumo final e conhecer os seus reais impactos. Temos de entender que a agricultura é parte da solução e tem um papel essencial na economia, mas também na componente social e ambiental. Devemos apostar em políticas alicerçadas em sistemas de produção que valorizem o capital natural, que promovam o uso sustentável dos terrenos e que possibilitem aos agricultores ganhos financeiros. É fundamental continuar a desenvolver modelos inovadores de forma a criar um sistema alimentar abrangente e que beneficie, em simultâneo, o meio ambiente, a saúde e a economia.

O presidente da ACOS – Agricultores do Sul, Rui Garrido, afirmou, numa entrevista recente, ser necessário que “a ministra da Agricultura oiça os agricultores, trabalhe connosco, oiça as nossas opiniões”. Encara isto como uma crítica ao seu trabalho na tutela da agricultura?

Desde que assumi a tutela da Agricultura que trabalho com os representantes dos agricultores, no sentido de conhecer as suas preocupações e necessidades e ouvindo sempre as suas propostas para o desenvolvimento do setor. Desde sempre que tenho realizado, de forma sistemática, reuniões com as confederações e todas as associações do setor. Estes encontros permitiram-me assegurar a participação do setor e saber o que pensam os agricultores, nos momentos de crise como aquele que estamos a viver. É assim que vou continuar a trabalhar e estou certa de que conto com o apoio dos agricultores nesta missão de alcançar, com sucesso, o desenvolvimento sustentável do setor agrícola em Portugal.

As medidas já tomadas de apoio aos agricultores devido à seca que (ainda) atravessamos, têm sido acolhidas, em parte, pelos agentes económicos do setor. No entanto, pedem ajudas diretas e dizem que as linhas de crédito disponibilizadas não são uma solução. Portugal e Espanha, em conjunto, apresentaram em Bruxelas propostas no sentido de minimizar os efeitos financeiros negativos desta situação. Para quando respostas concretas da UE?

Para além da situação de seca, o setor foi atingido pelos efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pelo que têm vindo a ser estudadas, a nível europeu, um conjunto de medidas que visam amenizar estes efeitos e que destaco dois exemplos. Primeiro a Reserva de Crise. Trata-se de uma medida com uma dotação financeira total para Portugal de 27,3 milhões […]

Continue a ler o artigo no Diário do Alentejo.


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