A ministra da Agricultura foi hoje criticada por partidos da oposição da esquerda à direita no parlamento, a propósito de uma declaração política do PSD, que pediu ao primeiro-ministro a demissão de Maria do Céu Antunes.
A posição do PSD foi transmitida em plenário pelo deputado João Moura, que sustentou que “este é pior Ministério da Agricultura de sempre” em Portugal, apontando “a trabalhada do histórico de nomeações” e a “incapacidade até ao dia de hoje em nomear alguém que aceite desempenhar as funções de secretário de Estado” após a demissão de Carla Alves, no início de janeiro.
João Moura atribuiu à ministra Maria do Céu Antunes “falta de competência, falta de rumo, falta de ambição e teimosia”, responsabilizou-a pela “destruição de um ministério” e, dirigindo-se ao primeiro-ministro, António Costa, defendeu que está na altura da “mudança de treinador”, numa “analogia com o futebol”.
No fim da sua declaração política, o social-democrata afirmou: “Quando chegar o momento, ou quando os portugueses quiserem, nós, PSD, cá estaremos”.
O Chega, pelo deputado Pedro Frazão, e a Iniciativa Liberal, através de João Cotrim Figueiredo, subscreveram as críticas e o pedido de demissão da ministra da Agricultura, mas consideraram que se deve colocar em causa o próprio primeiro-ministro, António Costa.
“Neste momento, depois de tanto tempo a pedirmos a demissão da ministra da Agricultura, eu gostava de saber se o senhor deputado não concorda que nós temos agora de ir é atrás do primeiro-ministro?”, questionou Pedro Frazão, desafiando o PSD a posicionar-se quanto a uma eventual moção de censura ao Governo.
No mesmo sentido, João Cotrim de Figueiredo perguntou a João Moura: “Se a chicotada psicológica de demitir o treinador, ministra da Agricultura, não funcionar, é o próprio presidente do clube, António Costa, que tem de ir à vida. Está ou não está de acordo?”.
Em defesa do Governo, o deputado do PS Francisco Rocha recorreu a dados da execução do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020: “Taxa de execução neste momento do PDR 2020, 78%; taxa de compromisso, 95%; e até 2025 nós vamos fazer uma taxa de execução de 100%”.
“O pior momento da agricultura portuguesa foi o vosso anterior Governo que deixou um buraco de 600 milhões de euros no PDR, isso sim é que é um dos piores momentos da agricultura portuguesa”, contrapôs.
O socialista argumentou ainda que de acordo com “todos os indicadores das exportações no complexo agroalimentar” a agricultura portuguesa “está a viver um bom momento”, acrescentando: “Diga lá onde é que está a desgraça, e não é desta que o diabo vai surgir”.
João Moura não se pronunciou sobre os desafios de Chega e Iniciativa Liberal quanto à continuação do Governo e, em resposta ao PS, declarou que “a desgraça do Ministério da Agricultura está na senhora ministra”.
A deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, embora divergindo do PSD em vários pontos da política agrícola, acompanhou as críticas a Maria do Céu Antunes, considerando que “a senhora ministra tem um dedo podre para as nomeações, tendo em conta aquilo que já foi este histórico e também põe em causa a execução de fundos estruturais para o país”.
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, falou em “desnorte do Ministério da Agricultura” e acusou a ministra de se submeter aos “interesses do setor” por ter dito no parlamento que “até havia uma aceitação da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) do nome da senhora secretária de Estado”, Carla Alves.
Apenas o PCP, pelo deputado João Dias, não fez críticas diretas à ministra, preferindo centrar-se nas opções de política e associou o PSD ao PS em matéria de agricultura: “É tudo farinha do mesmo saco, farinha imposta pela comunidade europeia”.