Em Maio e Julho passados, violentas quedas de granizo “vindimaram” mais de mil hectares de Vinha e estragaram outras culturas em várias freguesias dos concelhos de Vila Real, Alijó, Sabrosa, Murça e S. João da Pesqueira, dentro da Região Demarcada do Douro. Foi um desastre que, de um momento para o outro, fez desaparecer o investimento, o produto do trabalho e o sustento de centenas de famílias de Vitivinicultores que se encontram desesperados.
Ainda o granizo não se tinha derretido, e já a AVIDOURO, Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro, estava no terreno a acompanhar e a apoiar os Vitivinicultores afectados, ao mesmo tempo que apresentava, à Ministra da Agricultura e ao Governo, um conjunto de propostas e reclamações para acudir ao problema de graves consequências económicas e sociais.
De igual forma, Autarcas e Autarquias, das zonas atingidas pelo granizo, expressavam a sua solidariedade e a preocupação face ao sucedido e também apelavam para uma intervenção do Governo.
Pressionada, a Ministra da Agricultura fez publicamente algumas promessas que, para além de vagas, são muito insatisfatórias. Mas, a Ministra da Agricultura recusou logo qualquer apoio financeiro a fundo perdido, apoio esse que a AVIDOURO considera indispensável para permitir a centenas de Vitivinicultores continuar a produzir como a Região e o País tanto precisam.
Nas posições até agora assumidas – e para se desresponsabilizarem – a Ministra e o Governo remetem para as indemnizações via seguros agrícolas qualquer apoio financeiro para o desastre, como se não soubessem que os seguros agrícolas são demasiado caros e desinteressantes para a Lavoura, e estão é feitos para servir as Seguradoras. Portanto, ao remeter o assunto dos prejuízos causados pelo granizo para o âmbito quase exclusivo dos seguros agrícolas, a Ministra da Agricultura parece ser Ministra das Seguradoras e não dos Agricultores.
Aliás, a Ministra da Agricultura – que tanto gosta de aparecer na comunicação social a anunciar e a voltar a anunciar “coisas” supostamente “boas” – esteve noutro concelho muito perto das zonas afectadas apenas dois dias depois da pior queda de granizo. Pois não foi capaz de se deslocar um pouco mais para visitar as freguesias atingidas e avaliar melhor o desastre e o drama dos Agricultores. É por isso que a AVIDOURO e os Vitivinicultores classificaram – e classificam – esta Ministra da Agricultura como sendo fria e insensível como o granizo ! E com políticas agro-rurais que não cessam de provocar prejuízos à Lavoura e aos Agricultores…
Mas também é necessário chamar a atenção para o silêncio (comprometedor…) do Primeiro-Ministro, dos Deputados e outros representantes do partido (PSD) maioritário no actual Governo pois este mesmo partido, em 2006, propôs na Assembleia da República (à data com o PS no Governo) a atribuição, aos Vitivinicultores então afectados, de um apoio financeiro a fundo perdido face a idêntico problema provocado por queda de granizo na Região Demarcada do Douro. Então e agora ?…
Bom, a Ministra da Agricultura diz-se cristã-católica. Se nos é permitido utilizar a ideia, diremos que se Jesus Cristo fosse Primeiro-Ministro teria imediatamente demitido esta Ministra da Agricultura “só” pela frieza e insensibilidade por ela demonstradas neste caso dos prejuízos do granizo no Douro !
Berta Santos
Presidente da Direcção da AVIDOURO