xiste uma correlação entre as recentes declarações e o sequestro de meninas e estudantes (…) porque, então, os terroristas querem usá-las como escudos humanos”, disse Maitama Tuggar em declarações à EFE à margem do Fórum de Doha, cuja inauguração ocorreu hoje na capital do Qatar.
Perante o discurso duro do presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, que decretou a “emergência de segurança nacional” no dia 26 de novembro numa “declaração de guerra contra todas as formas de insegurança”.
As autoridades nigerianas tomaram medidas após uma série de sequestros, o mais notório dos quais ocorreu a 21 de novembro, quando 303 estudantes e doze professores foram sequestrados por homens armados na Escola Secundária Católica St. Mary’s, no estado centro-ocidental de Níger.
No entanto, Maitama Tuggar afirmou que o governo nigeriano “aprendeu com os erros do passado”.
Ele criticou o discurso público duro do então presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, quando em 2014 ameaçou atacar os “terroristas” na floresta de Sambisa, perto da fronteira com os Camarões, depois de o Boko Haram (organização fundamentalista islâmica) ter raptado 276 raparigas numa escola na aldeia de Chibok, no norte do país, das quais 91 ainda não regressaram a casa.
O chefe da diplomacia nigeriana atribuiu as declarações do ex-presidente como “uma das razões” desse sequestro que comoveu todo o país, já que os perpetradores “decidiram raptar as pobres meninas para usá-las como escudos humanos”.
No entanto, ele enfatizou que a onda de sequestros e a insegurança que o país atravessa “é um problema da região e, portanto, não se trata de um conflito religioso ou étnico”.
No final de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, designou a Nigéria como “país de preocupação especial” — designação do Departamento de Estado por violações à liberdade religiosa — após denunciar que a comunidade cristã da Nigéria está a ser “massacrada” no país por “islamistas radicais”.
Trump chegou a ameaçar com uma intervenção militar, apesar de o governo nigeriano ter rejeitado as suas alegações e o ministro das Relações Exteriores ter afirmado que as autoridades da Nigéria continuam colaborando com os Estados Unidos porque não consideram Washington “um inimigo”.
Nesse sentido, Maitama Tuggar pediu à comunidade internacional que compreenda a complexidade da situação no seu país porque Wse o contexto for mal interpretado, serão aplicadas soluções erradas”.
Alguns estados da Nigéria, especialmente no centro e noroeste do país, sofrem ataques constantes por parte de “bandidos”, termo usado para designar os bandos criminosos que cometem assaltos e sequestros em massa para exigir resgates e cujos membros as autoridades às vezes classificam como “terroristas”.
A esta insegurança acresce a causada desde 2009 pela atividade do Boko Haram no nordeste do país e, a partir de 2016, também pela sua cisão, o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP, em inglês).
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