Mosca da Casca Verde da Noz (Rhagoletis completa)

A mosca da casca verde da noz é originária da América do Norte. Está classificada como organismo de quarentena na Europa. Foi identificada pela primeira vez em Portugal, na Região de Entre Douro e Minho, no verão de 2014. Como foi encontrada ao mesmo tempo em diversos concelhos, do litoral para o interior, é provável que já antes estivesse instalada na Região. Encontra-se agora por toda o Entre Douro e Minho.

Biologia

A mosca da casca verde tem apenas uma geração por ano. Entre meados de junho e o fim de setembro, os adultos (Figura 1 e 2) emergem do solo, onde hibernaram na forma de pupa (Figura 4). A postura dos ovos tem lugar uma a duas semanas depois da emergência. Cada fêmea produz entre 300 a 400 ovos, depositando em média 15 ovos em cada fruto, que insere na casca exterior, quase sempre agrupados.

Os ovos eclodem dentro da casca exterior (casca verde), dando origem às larvas de cor branco-amarelado (morcões), que começam a alimentar-se da polpa (Figura 3).

O desenvolvimento das larvas demora 3 a 5 semanas, período em que a casca exterior enegrece e se decompõe (Figuras 3 e 5).

No final do seu desenvolvimento, as larvas caem com o fruto ou lançam-se para o solo debaixo das árvores, onde se enterram e se transformam em pupa, ficando em diapausa até ao início do verão seguinte, quando o ciclo recomeça.

Uma pequena percentagem de pupas (<10%) pode permanecer em diapausa até quatro anos, numa estratégia de conservação da espécie, que assim reserva uma parte da população para a eventualidade de ocorrer um ano mais desfavorável à sua reprodução e sobrevivência.

A maioria dos insetos adultos (moscas) permanece na árvore sob a qual emergiu ou nas mais próximas. As moscas podem, no entanto, voar para mais longe, sobretudo se a população for muito elevada.

Embora seja uma praga das nogueiras europeias (Juglans regia), americanas (Fig. 6) e outras (J. nigra, J. californica, J. hindsii), a mosca da casca verde podefazer um ciclo, pelo menos parcial, em pêssegos.

Apenas tem importância económica na cultura da nogueira europeia para produção de nozes.

A praga não causa danos diretos às árvores, mas é capaz de destruir completamente a produção, se não for combatida. Quando a mosca é corretamente controlada, as perdas em pomares infestados costumam ser inferiores a 10%.

Sintomas e Prejuízos

As nozes apresentam manchas negras, que vão alastrando, por vezes atingindo todo o fruto (não confundir com manchas de bacteriose (Fig. 7). A casca verde apodrece, toda ou em parte.

Figura 5. 1 – Nozes tombadas, em consequência do ataque de Rhagoletis completa, com a casca enegrecida e em decomposição. 2 – Nozes desvalorizadas, com os restos da casca verde decomposta e seca colados.

Em ataques muito fortes, fica apenas um resto desta casca, negra e seca, agarrada à noz (Fig. 5).

Figura 6. 1 – Frutos de nogueira negra (Juglans nigra) atacados pela mosca da casca verde; 2 – Mancha de bacteriose

Se o ataque for precoce, as nozes não se desenvolvem ou desenvolvem-se mal e a maioria acaba por cair, já meio-podre. Sendo mais tardio o ataque, a noz acaba de se desenvolver, mas o seu valor será sempre reduzido.

Meios de combate à mosca da casca verde

A organização da luta contra esta praga em cada pomar aconselha a colocação, no início de junho, de armadilhas cromotrópicas amarelas e a sua observação regular (pelo menos, duas vezes por semana em dias intercalados). O objetivo é determinar com rigor o início do voo da mosca, pela captura dos primeiros adultosemergidos, de forma a decidir a data do tratamento precoce. As capturas seguintes darão indicações da intensificação ou da diminuição do voo, para eventuais renovações do tratamento químico.

As armadilhas devem ser colocadas à altura mínima de 2 a 3 metros, para uma maior eficácia nas capturas.

Para o combate direto à mosca da casca verde, são autorizados:

Fontes: La mosca della noce (Rhagoletis completa) ; Demande d’analyse de risque (ARP) portant sur Rhagoletis completa (Consultados em 26/05/2020). Texto e fotos: C. Coutinho

O artigo foi publicado originalmente na Circular n.º 12 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.


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