Quer seja no curto prazo, quer seja no médio prazo, o futuro do vinho de Portugal dependerá do aumento da sua procura.
Que queremos dizer com futuro do vinho? Queremos dizer aumento do seu consumo, com aumento do seu valor. Não será compreensível de outro modo.
Isto irá depender das técnicas vitivinícolas, das embalagens, do transporte, da eficiência de qualquer destes processos, da sustentabilidade económica das empresas e das regiões produtoras, das preferências do público consumidor? Dependerá disso tudo, no todo ou em parte. Mas sem aumento do valor do vinho, sem aumento do valor das uvas, o vinho não terá futuro.
Não há falta de oferta de vinho no mundo. Com oscilações de ano para ano, com vindimas diferentes, com origens nos mercados do novo mundo ou do velho mundo, a quantidade de vinho produzido não só não tenderá a diminuir, como, com alguma variação, poderá mesmo aumentar ao longo das próximas décadas, basta lembrar as novas regiões produtoras na Ásia, na América, até na Europa e, muito provavelmente e num muito curto prazo, no Norte de África. Não será, por isso, pela escassez, que o vinho poderá aumentar de valor. Mesmo com a actual perturbação séria da Guerra da Rússia na Ucrânia, as dificuldades dalguns circuitos de abastecimento serão contornadas e o mercado encontrará formas de recuperar (outra coisa será a questão do álcool e das aguardentes, com uma previsão dum aumento brutal de preços a curto prazo, se durável ou não, não sabemos).
O valor do vinho também não dependerá inteiramente (embora seja um factor importante) da qualidade, que se tem mantido numa ascenção apreciável, com padrões de exigência dificilmente imagináveis há meio século, e que, hoje, se encontra em marcas de gama de preço baixo a surpreender em concursos e a […]