O Município de Lagoa concluiu mais uma etapa significativa na implementação da sua estratégia smartcity: Lagoa, através da realização de um estágio curricular em parceria com o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja). O trabalho resultou no desenvolvimento de um protótipo inovador de previsão do Índice Europeu da Qualidade do Ar (EAQI), baseado em dados ambientais recolhidos no concelho e em técnicas avançadas de inteligência artificial.
O estágio, desenvolvido pelo estudante Rodrigo Inácio, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG) do IPBeja, culminou com a defesa pública do relatório final a 27 de novembro de 2025, na ESTIG, tendo sido atribuída a classificação de 19 valores, demonstrando o rigor técnico e científico envolvido.
O protótipo integrou informação proveniente de 10 estações municipais de monitorização da qualidade do ar, disponibilizadas através do portal QART – Qualidade do Ar, Ruído e Tráfego, cruzando-a com dados meteorológicos históricos (ERA5) obtidos via API Open-Meteo.
O trabalho teve duas grandes fases:
Business Intelligence (BI): conceção de um processo completo de ETL (extração, transformação e carregamento), incluindo limpeza de leituras inválidas, tratamento de outliers, normalização de datas e cálculo dos máximos horários diários necessários ao EAQI. A informação foi organizada em datasets diários por estação e explorada através de painéis interativos em Power BI, permitindo visualizar a evolução da qualidade do ar, identificar padrões sazonais e comparar o comportamento das diferentes zonas do concelho.
Business Analytics (BA): desenvolvimento e testes dos modelos de machine learning para prever, usando também variáveis meteorológicas, a classe do EAQI (de “bom” a “muito mau”). Foram aplicados quatro algoritmos: Decision Tree, Random Forest, Gradient Boosting e Backpropagation Neural Network.
“O Município de Lagoa tem vindo a afirmar-se, de forma consistente, como um território comprometido com a inovação, a sustentabilidade e a utilização responsável dos dados. Este projeto demonstra claramente a relevância de investir em conhecimento aplicado e na ligação com instituições de ensino superior”, refere o Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Encarnação.
“Os resultados apresentados mostram que Lagoa está no caminho certo: recolhemos dados com rigor, tratamo-los com qualidade e transformamo-los em informação útil para melhorar políticas públicas, nomeadamente na área do ambiente e da saúde. Este é o tipo de investimento que prepara o futuro do concelho”, acrescenta o edil.
O projeto evidenciou a importância das parcerias entre municípios e instituições de ensino superior na criação de soluções tecnológicas aplicadas à gestão do território. Face à qualidade científica do trabalho, docentes do IPBeja manifestaram intenção de submeter um artigo científico baseado no projeto, identificando o Município de Lagoa como parceiro institucional e fonte dos dados ambientais utilizados.
Esta publicação reforçará o posicionamento de Lagoa no panorama nacional e europeu da investigação aplicada em ambiente, monitorização da qualidade do ar e cidades inteligentes.
“Este estágio foi uma oportunidade excecional para trabalhar com dados reais de um município que está a investir seriamente em soluções de cidade inteligente. Espero que o modelo desenvolvido possa ser uma base para futuros projetos e para melhorar a informação disponibilizada aos cidadãos sobre a qualidade do ar que respiram”, afirma Rodrigo Inácio.
O conjunto de ferramentas produzidas, desde o processo de tratamento de dados até aos painéis em Power BI, poderá ser reutilizado e ampliado em projetos futuros no âmbito do smartcity: Lagoa, bem como em novas colaborações com universidades e centros de investigação, reforçando Lagoa como concelho de referência na inovação sustentável.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.