“A Guerra dos Trigos. Uma História Geopolítica dos Cereais”, do historiador Scott Reynolds Nelson, revela como os cereais foram sempre um agente silencioso de revoltas e revoluções.
O tema não podia ser mais oportuno. O livro foi escrito antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, mas a escalada da guerra trouxe novamente os cereais para o primeiro plano das preocupações mundiais e a discussão do livro para cima da mesa. Na verdade, o tema vem bem de trás; por todo o mundo, Reis, rainhas, aristocratas, sultões e czares tiveram sempre nos cereais a alavanca para o poder, usando-o em seu benefício para controlar a população. Hoje, como no passado, o controlo do pão continua a determinar guerras, como um bem básico e essencial que é: “O trigo é um alimento da fome” diz o autor. “É a última coisa que as pessoas vão parar de consumir”.
A situação atual é apenas mais um episódio numa já longa e dramática história. Não por acaso, este livro começa em Odessa, Ucrânia, o ponto nevrálgico da distribuição de cereais na Europa. O livro revela como conspiradores e chefes de Estado, trabalhadores e empresários, filósofos e economistas, transformaram a disputa humana pelo pão de cada dia em guerras e impérios, revoluções e conquistas, banquetes e fomes. Esta obra conduz os leitores desde os celeiros e as antigas rotas comerciais da Europa até à Guerra Civil dos EUA e ao fim da escravatura, à fundação de impérios, aos massacres da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa e, finalmente, ao mundo contemporâneo.
No dia 11 de fevereiro às 16h, quase um ano após o início da guerra na Ucrânia, o Museu do Pão apresenta no seu espaço do […]