A apanha da azeitona está feita e, enquanto se afina o produto da colheita, no Ventozelo celebra-se já o azeite novo: no restaurante, há menu especial aos fins-de-semana. E já fomos prová-lo.
Há o Olival do Rio, o da Cantina, o da Raposeira, o do Pombal e o da Serra. Ou da Entrada, como também é conhecido – é ele que nos acompanha na entrada da Quinta de Ventozelo, trepando socalcos que do outro lado se despenham em vinhedos, pintados de amarelo e vermelho neste início de Novembro. O rio Douro escapa-se em traço largo, a negro, no fundo deste vale onde tudo o que vemos faz parte da Quinta do Ventozelo, que desde 2019 se tornou uma referência do enoturismo duriense: 400 hectares de área, a parte de leão pertencente à vinha (200). Há ainda floresta (140), pomares – e o olival, 20 hectares (incluindo 1,5 em tradicional bordadura de vinhas), no que é, dizem-nos, um dos maiores do Douro.
É ele quem nos traz à freguesia de Ervedosa do Douro, São João da Pesqueira com o Pinhão à vista. Até há alguns anos, a apanha da azeitona acontecia entre o final de Novembro e o início de Dezembro – as alterações climáticas baralharam um pouco esse ritual e, este ano, a seca do Verão e a chuva de Outubro precipitaram ainda mais as coisas. “A azeitona estava atrasada pela seca”, explica Tiago Maia, o responsável pela viticultura da quinta, “depois veio a chuva e acelerou. Mas, como também traz pragas, tivemos de arranjar uma data de compromisso para a apanha”. A colheita (sempre manual, por varejo – já sabemos que a “arquitectura natural” duriense impossibilita a mecanização) começou a 22 de Outubro e durou cerca de duas semanas, “com algumas paragens”. A cada dois dias, mais ou menos, saíam quatro toneladas para Mirandela – a quinta não tem lagar e o processamento é feito na Casa de Santo Amaro, de Francisco Pavão, o responsável pelo azeite Quinta de Ventozelo.
O trabalho terminou há pouco e o produto já se pode provar: Novembro é tempo de azeite novo na quinta e no seu restaurante, a Cantina de Ventozelo, onde há menu especial todos os fins-de-semana do mês, ao almoço e ao jantar. Haveremos de o provar de forma informal – à mesa sentar-nos-emos com um copo técnico azul-escuro (a cor do azeite não é importante nas provas) com um pouco do líquido (que ainda não é azeite Ventozelo” – já lá iremos) derramado de uma almotolia. E haveremos de o provar em vários pratos inspirados nas refeições que tradicionalmente aconteciam nos lagares durante a apanha da azeitona.
Este protagonismo dado ao azeite novo durante este mês de Novembro na Quinta de Ventozelo faz, aliás, parte da filosofia do projecto. “Promovemos experiências à volta de produtos que façam sentido para a quinta em cada momento do ano”, explica a directora de marketing e comunicação da Gran Cruz, Elsa Couto: se em Setembro e Outubro, por exemplo, as vindimas são inescapáveis, o azeite é inevitável durante estas semanas. E se o vinho é, indubitavelmente, o principal produto da quinta, o azeite é um orgulhoso secundário – que tem o mérito de até ter sido o primeiro produto comercializado pela Quinta de Ventozelo depois da aquisição pela Gran Cruz, em 2014. “Quando comprámos […]