A agricultura sustentável esteve em debate no FISAS – Fórum Internacional Territórios Relevantes para Sistemas Alimentares Sustentáveis, encontro que teve lugar de 17 a 21 de Julho, em Idanha-a-Nova a primeira bio-região portuguesa. Durante 5 dias, estiveram representados 15 países, provenientes de 4 continentes, com uma preocupação comum: mudar comportamentos alimentares, formas de produção e hábitos de consumo que nos permitam chegar a um futuro equilibrado e sustentável.
Tendo-se realizado em complementaridade ao programa da Feira Raiana, o FISAS contou com a participação do Diretor-Geral da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, José Graziano da Silva, de Ministros da Agricultura e representantes de Ministros da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, entre eles Luís Capoulas Santos, Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural de Portugal, representantes da sociedade civil, do poder local, de universidades e de instituições de investigação, agricultores e consumidores.
A urgência na alteração de comportamentos, a obesidade, a desnutrição e mudanças imperativas de hábitos de produção e consumo foram preocupações comuns a todos, tendo ficado bem vincado o compromisso de implementação de políticas articuladas entre os territórios representados, com vista a uma alteração urgente de paradigma.
A relação entre a forma como produzimos alimentos, o problema das alterações climáticas, as questões da pobreza no meio rural e da segurança alimentar, são preocupantes e impõem a necessidade de uma transformação dos sistemas alimentares globais. Coerência, coordenação e alinhamento; Abordagem territorial; Participação social e governança; e foco na Agroecologia foram considerados fundamentais na promoção de programas que visem sistemas alimentares territoriais sustentáveis e dietas saudáveis.
José Graziano da Silva, agraciado no decorrer do FISAS com a Medalha de Honra da Agricultura de Portugal, defendeu claramente que “a agricultura é um passo em direcção à segurança alimentar” e que devem ser criadas políticas públicas adequadas à promoção da agricultura sustentável, da agroecologia e do acesso a alimentos saudáveis por toda a população. O Diretor-Geral da FAO acredita que “não mudaremos os sistemas alimentares com tecnologia. No lugar disso, precisamos fazer mudanças nas leis e na área da investigação” e acrescenta “A Revolução Verde foi capaz de prevenir a fome na década de 1970, mas atingiu seus limites e é hora de implementar diferentes modelos para combater a crescente fome e a obesidade que o mundo sofre”.
Para Armindo Jacinto, Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, será nas comunidades rurais que se encontrará o caminho para a sustentabilidade e a resposta às alterações climáticas. “É essencial alterar a forma como produzimos os alimentos. Novos comportamentos e novas atitudes são o caminho para o futuro. Ignorar os sinais do Planeta é pôr em causa o futuro da Humanidade. Apenas todos juntos podemos fazer a diferença”.
Existem, actualmente, dezenas de bio-regiões no mundo, estando o processo em início de implementação na CPLP. Idanha-a-Nova é a primeira bio-região portuguesa e reúne excelentes condições para se tornar um exemplo para os demais. A preocupação com a sustentabilidade e a aposta na biodiversidade fazem parte da estratégia de desenvolvimento do Município, pioneiro em projetos como o Idanha Green Valley. O Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova sublinhou ainda “adedicação conjunta da FAO, do FIDA, do Governo Português, da CPLP, da ACTUAR, do INNER e do CMCD para a concretização do FISAS, cujas conclusões realçam a necessidade de promover a proteção e melhoria das condições de vida no meio rural, do reconhecimento e valorização da agricultura familiar; da equidade e do bem-estar social das populações rurais e urbanas; da promoção dos direitos das mulheres; da maior resiliência de pessoas, comunidades e ecossistemas; e da conservação, proteção e melhoria da eficiência no uso de recursos naturais”.