O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apelou hoje para que o Ocidente desmonte os mitos que culpam as sanções contra a Rússia pela atual crise alimentar ou que culpam a NATO por incitar o conflito na Ucrânia.
Para Johnson, existe o risco de nem todos os países verem a invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, e as suas consequências como sendo da responsabilidade do Presidente russo, Vladimir Putin.
“Temos de dissipar os mitos de que as sanções ocidentais são de alguma forma responsáveis pelos aumentos de preços no Ocidente. Foi a invasão russa que causou a escassez de alimentos”, afirmou Johnson no final da cimeira da NATO, em Madrid, citado pela agência espanhola EFE.
O chefe do Governo britânico disse que os países ocidentais devem trabalhar para assegurar que os ucranianos ganhem a guerra e, dessa forma, as democracias vençam a discussão global sobre os valores.
“Excedemos as expectativas em unidade sobre como lidar com Putin”, disse Johnson.
O Reino Unido anunciou uma ajuda militar adicional de 1.160 milhões de euros para a Ucrânia, tendo Boris Johnson considerado que o custo da liberdade é algo que “vale sempre a pena pagar”.
“A menos que obtenhamos o resultado certo na Ucrânia, Putin estará em posição de cometer mais atos de agressão contra outras partes da antiga União Soviética, mais ou menos impunemente, o que gerará mais incerteza global, mais crises petrolíferas, mais pânico e mais angústia económica para todo o mundo”, alertou.
Johnson considerou que a retirada russa da Ilha da Serpente, anunciada hoje por Moscovo, mostra que é impossível subjugar a Ucrânia.
“Se queriam uma prova da incrível capacidade dos ucranianos para lutar contra a adversidade e empurrar os russos de volta, vejam o que aconteceu hoje na Ilha da Serpente, onde mais uma vez a Rússia teve de ceder”, disse, citado pela agência francesa AFP.
Johnson disse também que cabe ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, decidir o que fazer e “se quer chegar a um acordo com a Rússia”.
“É inteiramente um assunto” para os ucranianos, afirmou.
O trabalho do Ocidente é “defender o direito dos ucranianos a protegerem-se a si próprios”, disse o primeiro-ministro britânico.
Segundo Johnson, “uma das razões pelas quais o que está a acontecer na Ucrânia é tão importante é porque existe uma clara extrapolação para outros teatros”.
“É por isso que nos estamos a cingir ao sistema internacional baseado em regras”, referiu.
Numa mensagem a Putin, Johnson considerou que o líder russo deve pensar “nas consequências das suas ações”, incluindo “como a sua invasão uniu realmente o Ocidente, o G7, a NATO, a União Europeia”.
“Nunca foi remota a probabilidade de a Ucrânia vir a aderir à NATO num futuro previsível, todos sabiam disso, era completamente mítico”, disse.
Se Putin queria menos NATO nas suas fronteiras ao invadir a Ucrânia, o que tem é a Suécia e a Finlândia a quebrar os seus votos históricos de neutralidade porque “estão horrorizados” com a sua violência e agressão, acrescentou.