
A agricultura no Algarve tem uma tradição fortemente ligada à fruticultura, aproveitando o clima ameno e as longas horas de sol para produzir laranjas, figos, amêndoas e alperces. Mais recentemente, juntaram-se culturas como o abacate e a pitaia. Mas há uma fruta que, apesar de discreta, começa a destacar-se tanto pela versatilidade gastronómica como pelo interesse científico.
De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), esta fruta de polpa doce e casca fina é consumida sobretudo entre outubro e dezembro, mas tem sido estudada ao longo de todo o ano pelo seu valor nutricional. Grande parte dos exemplares resulta de árvores dispersas por várias regiões do país, sendo o Algarve uma das zonas de produção com maior relevância.
Nutrientes que despertam a ciência
O dióspiro, também conhecido em algumas regiões como fruta-do-dragão, contém uma elevada concentração de compostos bioativos. Segundo o portal Promoção da Alimentação Saudável da DGS, esta fruta fornece flavonoides, taninos, proantocianidinas, carotenoides, compostos fenólicos e fibras alimentares.
Estes elementos estão associados à redução da pressão arterial, ao controlo do colesterol e à regulação da glicemia. Um estudo publicado na fonte académica-científica de saúde americana National Library of Medicine conclui que os flavonoides presentes no dióspiro ajudam a proteger o sistema cardiovascular, prevenindo a formação de placas nas artérias e combatendo o stress oxidativo.
Aliado contra o envelhecimento celular
Os antioxidantes são outro ponto forte. Explica a mesma fonte que estas substâncias exercem um efeito protetor sobre as células, reduzindo o risco de doenças crónicas associadas ao envelhecimento. Ao mesmo tempo, a presença de fibras alimentares favorece o trânsito intestinal e ajuda a controlar a absorção de açúcares.
Segundo investigadores citados em publicações internacionais na mesma fonte, há também indicações de que o dióspiro pode ter potencial anticancerígeno e antidiabético. No entanto, alertam que são necessários mais estudos clínicos para comprovar de forma sistemática estes efeitos terapêuticos.
Um alimento acessível e versátil
Apesar do crescente interesse científico, o dióspiro continua a ser uma fruta acessível e fácil de encontrar no mercado nacional durante a sua época. Pode ser consumido fresco, em compotas ou como base para sobremesas mais leves. A sua doçura natural e a facilidade de digestão tornam-no um ingrediente procurado em receitas tradicionais e modernas.
Em regiões como o Algarve, onde a ligação entre gastronomia e agricultura é profunda, o dióspiro reforça o papel das frutas sazonais na dieta mediterrânica. Entre o sabor e os benefícios para a saúde, esta fruta típica de outono ganha cada vez mais espaço nas mesas portuguesas e atenção nos relatórios científicos.
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