“Nesta atividade precisamos de saber de tudo”

A atividade agrícola, florestal e industrial corre nas veias de Carlota Lisboa. As propriedades que gere já eram pertença da avó e tinham sido, nos tempos que já lá vão, arrendadas a terceiros por 99 anos, como era habitual na altura. Após terem sido geridas pelo avô e pelo pai (dois Manuel Lisboa), foi constituída a Sociedade Agrícola Cordeiro Lisboa, Lda. e Carlota e os quatro irmãos tornaram-se coproprietários e sócios.

Carlota era a única dos irmãos que mostrava interesse direto pela atividade e optou por se dedicar a 100%. O pai até gostaria mais que os filhos seguissem outros caminhos, abrissem os olhos a outros mundos e a outras atividades profissionais, mas a jovem insistiu entrar, em 1988, para a Escola Agrária de Santarém. Tirou o curso de Produção Agrícola e veio trabalhar para a Sociedade. Neste momento todos os membros da família, através dos conhecimentos que adquiriram ao longo das suas vidas profissionais dão apoio e colaboram na gestão.

Decidiram também entregar à Navigator a replantação de eucalipto e foram realizadas muitas experiências com clones, para tentar aumentar a produtividade.

Em 1994, aos 25 anos de idade, Carlota Lisboa substituiu o pai como sócia-gerente da Sociedade, para poderem aderir a programas de apoio em ambas as propriedades, Vale Grande e Falcão e Vale de Boi. Com a necessidade de diversificar e rentabilizar o património da família, candidatou-se a um programa de apoio para passagem de terras agrícolas a florestais, investindo em sobreiros e pinheiro manso, fez contrato de exploração florestal com a The Navigator Company e as restantes terras, mais produtivas, foram deixadas para a atividade agrícola anual, morangos, brócolos, pimento e milho por exemplo, mas em 2000 decidiram convertê-las em olival. “Nesta atividade precisamos de saber de tudo”, afirma.

Arrendamento à Navigator

Quando Carlota Lisboa nasceu, no final dos anos 60, o pai andava a instalar, em Vale de Boi, eucalipto e pinheiro-bravo nas zonas onde nem os sobreiros cresciam. Foi dos primeiros proprietários a plantar em curvas de nível, quando na altura o que se fazia era semear, e a atual responsável pela Sociedade Agrícola Cordeiro Lisboa recorda que chegou a haver viveiros na propriedade. Em 1993 tinham cerca de 20 hectares de pinheiro-manso que ardeu e, no seu lugar, nasceram espontaneamente muitos sobreiros, que deixaram crescer.

No total das propriedades que gere existem atualmente 250 hectares de eucalipto arrendados à The Navigator Company. No final dos anos 1990, quando foi necessário replantar os eucaliptais que tinha instalado em Vale de Boi, o projeto de 70 hectares foi reprovado. “Ele falou com a Navigator e o plano de gestão elaborado pela empresa acabou por ser aceite para um povoamento de 180 hectares”, conta Carlota. Agora, após os três cortes, está a ser feita uma nova reflorestação em Vale de Boi, numa mancha que convive com montado e pinheiro-bravo disperso.

Em 2000, com o acordo dos sócios, decidiram também entregar à Navigator a replantação de eucalipto em Vale Grande e Falcão. Na propriedade do pai foram realizadas muitas experiências com clones, para tentar aumentar a produtividade. A sócia-gerente admite que a Companhia tem aperfeiçoado variedades mais adaptadas aos solos e às condições onde estão e que é muito mais fácil para a Navigator “conseguir prestadores de serviços que cumpram todas as regras”.

Gonçalo Mendes, técnico de angariação de terras da The Navigator Company, acrescenta ainda outro benefício: “As áreas de eucalipto arrendadas à Companhia entram automaticamente no sistema de certificação FSC® e PEFC, o que traz várias vantagens ao proprietário, a começar por um bónus pago pela madeira de origem certificada.” Carlota Lisboa destaca também o facto de a renda anual e os adiantamentos ao corte permitirem uma entrada regular de dinheiro na exploração.

O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: