No Campo Branco, em Castro Verde, os animais não comem pasto há muitos meses

Não há pastos, não há forragens e as rações estão com preços muito elevados. A falta de alimento força à venda de animais, incluindo reprodutores com perda de dinheiro. A esperança na outonada está a esfumar-se.

Mesmo com as tímidas chuvadas de há semanas, o verde próprio das outonadas não teve tempo para cobrir a secura que se repete ano após ano na extensa planície do Campo Branco, em Castro Verde. Temperaturas entre os 33 e os 34 graus Celsius rapidamente evaporaram a escassa humidade do solo. “Nem houve Primavera e agora não há pastos, não há palha, não há forragens e as rações atingiram preços exorbitantes”, queixa-se José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB).

Alguns agricultores acalentaram a esperança de que a chuva chegaria no início do Outono e fizeram as suas sementeiras. Acreditaram que o tempo quente e a humidade gerada pela chuva, que não veio, faria germinar as plantas. “Agora está tudo perdido”, garantiu ao PÚBLICO José da Luz.

As consequências da constante secura, que se repete quase ininterruptamente há uma década, estão retratadas numa nota divulgada nesta segunda-feira pela Câmara de Castro Verde. Uma “situação de desespero sem memória”, mais grave do que outros episódios ocorridos em anos anteriores, coloca os produtores pecuários e os agricultores do sequeiro perante um quadro dramático de imprevisíveis consequências. Um apelo reforçava as preocupações da autarquia: é necessário “agir com rapidez e acudir ao verdadeiro drama que está a sentir-se no Campo Branco”.

A autarquia reclama ainda por uma intervenção urgente do Ministério da Agricultura junto dos produtores pecuários da região do Campo Branco, causticados por mais ano a suportar escassez de alimentos para o gado.

A dimensão do problema

“Esperava-se que chovesse no Outono para a renovação dos pastos” mas toda a zona de sequeiro na região do Campo Branco, com 85.345 hectares de superfície, “está a ser afectada, anos seguidos, por uma seca terrível”, descreve o dirigente da AACB, frisando que “tudo o que era stock de forragens, rações, palha, está esgotado”.

E apesar de o território do Campo Branco estar inserido nas Medidas Silvo e Agro Ambientais do PDR2020, no âmbito do Apoio Zonal de Castro Verde, ser considerado Zona de Protecção Especial (ZPE) de Castro Verde e estar classificado como […]

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