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“No que à água diz respeito, não estou preocupado com o futuro de Portugal”

Loic Fauchon está em Portugal para participar no Encontro Nacional das Entidades Gestoras da Água e Saneamento, que começa na terça-feira no Algarve. O presidente do Conselho Mundial da Água está preocupado com a falta de água no Sul da Península Ibérica. Ainda assim, nesta entrevista com a TSF, elogia o trabalho que Portugal tem feito para aproveitar os recursos.

Haverá água de boa qualidade para todos, no futuro?

Há dois problemas em relação à água: a quantidade e a qualidade. É o que chamamos segurança hídrica. Seremos capazes de levar água a todos os habitantes do planeta no futuro? Ou seja, nos próximos 10, 20, 30 anos? Temos diferenças enormes, segundo as regiões de que falamos.

Na Europa, a qualidade dos recursos hídricos é relativamente boa. Mas o resto do mundo, África, a América do Sul, a Ásia, todos eles têm dificuldades em garantir a autossuficiência, a segurança hídrica deles. Porquê? Penso que é a primeira coisa sobre a qual nos devemos debruçar. Será só por causa das alterações climáticas? Ou há outros motivos?

E eu penso que hoje o principal motivo para essas dificuldades está ligado à evolução da população mundial. A cada 10 anos temos de dar resposta a mais mil milhões de seres humanos no mundo.

Diria que a Península Ibérica é particularmente preocupante?

Existem diferenças dentro da Península Ibérica. No Noroeste de Espanha e em todo o Norte de Portugal existem, por ágora, recursos hídricos que são importantes. E que em todo o caso são suficientes para o futuro, para os 20 ou 30 anos que temos pela frente.

Por outro lado, há um grande problema no Sudeste de Espanha, e um problema um pouco mais pequeno no Sul de Portugal. Espanha desenvolveu demasiado a agricultura intensiva. O abacate faz muito uso intensivo de água, para o tomate, para muitas frutas, e não chove o suficiente. Não há água que chegue para isso.

Portanto, temos ambas as reservas de água mais ao Norte. Este é o problema do conflito no rio Ebro. Mas também fomos levados a produzir cada vez mais água através da dessalinização.

Hoje o Sudeste da Espanha está em crise, e esta crise não pode ser resolvida reduzindo a produção e as exportações de produtos agrícolas, que são os consumidores de água. Esse não é o caso de Portugal. Portugal tem alguns problemas de reserva no Sul, mas não devido à agricultura intensiva.

A que se devem então?

Devem-se ao facto de durante décadas, durante séculos ter havido falta de água na metade Sul do país. Há longos períodos de seca e não só durante alguns anos. Mas sim durante séculos. Por isso, foram levados, ao mesmo tempo a […]


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