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Noruegueses arrancam com aquacultura no mar de Cabo Verde e criam 400 empregos

Uma empresa norueguesa pretende arrancar este ano com a primeira fase de uma unidade de produção de atum em aquacultura na ilha de cabo-verdiana de São Vicente, prevendo gerar até 400 empregos em três anos.

A informação consta do Estudo de Impacto Ambiental para a instalação, na primeira fase, do Atlantic Blue Fin Tuna Farming, na praia de Flamengo, ilha de São Vicente, que implicará, para já, um investimento de 2,5 milhões de euros da Nortuna AS – Noruega, que se somam a seis milhões de euros no programa de pesquisa e desenvolvimento sobre a espécie ABFT (Atlantic Blue Fin Tuna ou atum-rabilho do atlântico).

De acordo com o estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, a primeira fase implica a montagem do processo de incubação e produção de biomassa para atum rabilho, em junho de 2021, seguindo-se a expansão e processamento, no primeiro trimestre de 2022, e depois o início da produção em larga escala, bem como transformação, daquela espécie, entre 2023 e 2024, que será a terceira e última fase do projeto.

“O projeto de aquacultura que a Nortuna pretende implementar em Cabo Verde tem por base os oito anos de atividades de pesquisa realizadas pela empresa”, lê-se no estudo de impacto ambiental.

O atum-rabilho (Thunnus thynnus), que pode ultrapassar os 200 quilogramas por peixe, é considerado o “rei” do sushi e apresenta, recorda a empresa, o valor mais alto de mercado, com o Japão a garantir 60% das compras.

Trata-se de uma espécie classificada como ameaçada e o excesso nas capturas no Atlântico e no Pacifico levou várias empresas a apostarem em produção certificada através de aquacultura.

A primeira fase deste projeto arranca com a previsão de criação de 12 postos de trabalho, que sobe para 92 empregos na segunda fase e para 400 empregos até 2024, com o pleno funcionamento de uma “fazenda ‘offshore’” no mar cabo-verdiano, para produção daquela espécie de atum em aquacultura.

A primeira fase, de piloto, envolve a construção das zonas de incubadoras e de montagem dos equipamentos que definem o processo de incubação e de teste, tendo já a capacidade de produção de até 300 toneladas por ano.

A segunda fase já comporta o cultivo da espécie ABFT na baía – aquacultura no mar – de Flamengo “em larga escala”, cujo volume de produção estimado se situa entre 8.000 e 10.000 toneladas por ano.

A terceira fase comporta a produção em larga escala, a transformação e “o alargamento da produção para outras ilhas de Cabo Verde, nomeadamente Santo Antão e São Nicolau”, explica a empresa no estudo.

De acordo com o documento, os sócios da norueguesa Nortuna decidiram-se pela criação de uma empresa com sede na ilha de São Vicente, a Nortuna Cabo Verde, e a nível financeiro “os promotores demonstram total confiança na viabilidade do projeto”.

“Apostam que a Nortuna Cabo Verde seja montada com base na autonomia económica e financeira. É de referir que o financiamento inicial (dois primeiros anos) do projeto está garantido em 70% pelos investidores da Nortuna AS e os restantes 30% por combinação de empréstimos e apoio das autoridades norueguesas”, acrescenta a informação no estudo.

Além dos postos de trabalho que serão gerados diretamente relacionados com a operacionalização do projeto, está previsto que o empreendimento permita criar mais 150 a 200 empregos indiretos, nos serviços de apoio à atividade daquela unidade.

Globalmente, o projeto envolve, na fase piloto, uma área reservada de quase 6.000 metros quadrados e posteriormente está ainda prevista a montagem de um pequeno porto que servirá de apoio as atividades no mar.

O estudo descreve que a Nortuna é uma empresa que “nasceu com o propósito de desenvolver e implementar iniciativas no setor da indústria pesqueira”, no setor de aquacultura e “com foco na implementação de um modelo de produção industrial para a produção aquícola de atum rabilho do atlântico”.

Acrescenta que a aquacultura abastece atualmente o mercado mundial com cerca de 50% do pescado consumido e que até 2030 precisará de elevar essa produção a 85 milhões de toneladas de peixes (o dobro da produção atual) “para manter os atuais níveis de consumo per capita”.

“Em linhas gerais, o mercado global de atum e espécies afins é um dos mais importantes em valores de venda e demanda, com mais de sete milhões de toneladas por ano, e com maior rentabilidade e repercussão a nível internacional”, destacam os promotores, para justificar o investimento em Cabo Verde.

Sublinham que a aquicultura, “desde que corretamente exercida, não é considerada uma ameaça ao ecossistema, nem o seu futuro hipotecado a favor de outras atividades utilizadoras das mesmas zonas costeiras”, e que “há indubitavelmente lugar para o desenvolvimento sustentável da produção aquícola do peixe numa perspetiva de gestão integrada das zonas costeiras”.


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