Helena Freitas

Nova diretora do Parque de Serralves quer “política ambiental mais presente na campanha”

Helena Freitas lamenta que haja “demasiado ruído”, mas diz que “gostaria que a política ambiental estivesse mais presente no espaço da discussão política e na campanha”. Em entrevista à Renascença, a nova diretora do Parque de Serralves revela que vão investir na renovação do roseiral

Repete a palavra “privilégio” ao longo da entrevista. Helena Freitas é desde esta semana a nova diretora do Parque de Serralves. A catedrática que recebeu em 2000 a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique das mãos de Jorge Sampaio está satisfeita com a nomeação, mas não é uma estranha em Serralves. Minhota que desde cedo abraçou a causa da conservação da natureza, Helena Freitas está desde agosto de 2020 a trabalhar com a equipa de Serralves.

Reconhece que o parque tem tido um papel fundamental na educação ambiental, mas questionada sobre como gostaria de ver tratada a questão ambiental na campanha das legislativas, a antiga deputada socialista lamenta que “não haja uma abordagem consistente e central às questões ambientais”.

Helena Freitas que destaca o papel dos jardineiros no parque, admite que a pressão de visitantes em alguns eventos tem impacto na preservação do espaço. Nesta entrevista à Renascença em que revela os novos projetos que passam pela renovação do roseiral, a plantação de árvores nacionais como o sobreiro e valorização das hortas, a antiga responsável do Jardim Botânico de Coimbra diz qual o seu recanto preferido em Serralves.

Já tinha uma ligação ao Parque de Serralves desde agosto de 2020, foi até aqui coordenadora geral da equipa diretiva, agora que missão terá pela frente? O que representa este desafio de assumir o cargo de Diretora do Parque de Serralves?

É desde logo um privilégio. Eu já vinha colaborando com o parque na coordenação geral da equipa. Era através de uma colaboração entre o parque e a universidade, porque continuo a ser docente. Mas de facto entendemos que era o momento porque os projetos e as dinâmicas têm crescido e a certa altura era importante para a própria equipa e para o projeto de Serralves uma maior disponibilidade. Entendi que era a altura de o fazer. No fundo é um projeto que já abracei há um tempo e agora a ideia é poder dar um pouco mais, para afirmar um diálogo que quero mais intenso entre a conservação da biodiversidade, a dimensão que o parque tem e a expressão da atividade da ciência.

Que desafio represente cuidar de um património vivo?

O parque constitui um desafio imenso pela natureza que ele contém, invoca e convoca. Tem uma dimensão de natureza fortíssima que se expressa na multiplicidade de espaços, na diversidade, nas paisagens, nas sazonalidades. Isso de facto é uma inspiração permanente pela harmonia que a natureza tem neste parque urbano. Isto tem uma dimensão que a mim me fascina, porque eu sou bióloga de formação e fiz uma formação mais concreta em botânica e ecologia. São as minhas áreas científicas e de trabalho de toda a vida e fiz também a reabilitação do Jardim Botânico de Coimbra, portanto, do ponto de vista da natureza estes espaços sempre me seduziram pela criação de harmonia e potencial que têm com as pessoas que os visitam.

Que projetos quer desenvolver no Parque de Serralves no futuro?

Isto é um trabalho de equipa. Tenho a sorte e o privilégio de ter um conjunto de pessoas que trabalham no parque, na coordenação de atividades, e que são fantásticas. Isso ajuda-me imenso e é uma inspiração. Com eles temos pensado diferentes iniciativas que vamos continuar a fazer. Do ponto de vista dos espaços, o projeto que talvez venha a ser mais visível e que acarinho particularmente, é a renovação do roseiral. Era um espaço que já não tinha uma intervenção há algum tempo, não estava tão cuidado e esse vai ser um projeto muito estratégico do ponto de vista daquilo que Serralves pode oferecer enquanto espaço natural.

Haverá outras intervenções planeadas?

Fizemos recentemente e estamos a concluir, uma questão que tem a ver com um problema fitossanitário que tinha de se resolver. Teve de se fazer uma substituição progressiva do buxo. Estas questões fitossanitárias estão sempre lá, são sempre problemas, porque estes parques urbanos têm também uma enorme pressão das visitas, do próprio espaço urbano, da atmosfera urbana, da artificialização daquilo que pode ser a natureza, das combinações que fazemos, das espécies que vamos buscar a viveiros. Portanto, aqui o jardineiro é uma figura essencial. É quem faz tudo e faz a beleza do parque. Nesse sentido, Serralves tem o privilégio de ter uma equipa de jardineiros muito eficaz e cuidadora. São verdadeiros cuidadores do espaço verde e das plantas.

E que outros investimentos estão previstos?

Vamos continuar a investir na resolução dos problemas fitossanitários, por um lado, por outro é claro, é sempre um projeto continuado nestas áreas a possibilidade de termos a renovação do coberto florestal e das espécies. É uma questão que estamos sempre atentos, e de facto o roseiral é o projeto mais emblemático no plano dos espaços naturais

Qual o principal tesouro natural do Parque de Serralves?

Não gostaria de destacar, porque penso que de facto estes espaços valem pelo conjunto, pela diversidade. Penso que Serralves tem uma multiplicidade de espaços que cada um à sua maneira, nos oferece singularidades. Cada um tem a sua perceção e também, em função […]

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