João Cardoso

Num mundo de incontáveis pressões (climáticas, políticas e económicas), um setor agrícola mais tecnológico é fundamental

Primeiro, uma pandemia que apanhou o mundo de assalto e que trouxe para cima da mesa o papel fundamental da ciência no dia-a-dia de todos nós. Da saúde, à alimentação, passando pela segurança e desenvolvimento social e económico, é impossível, agora mais do que nunca, esquecer o papel único que a tecnologia, o avanço científico, a descoberta e investigações assumiram perante o mundo e a forma como determinam quem somos, para onde vamos, o que comemos.

Depois, uma guerra. Um inimigo bem visível e assumido, numa altura em que o mundo começava a recuperar aos poucos de uma ameaça silenciosa e devastadora. Em suma: se é um facto que as pressões climáticas, as medidas propostas pela europa, as questões políticas, económicas e sociais já dominavam os dias de um setor absolutamente essencial à sobrevivência, nestes últimos 3 anos podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que o setor agrícola tem sido um dos mais resilientes, numa luta constante para garantir que o que comemos hoje e comeremos amanhã é suficiente e seguro!

Mas seja por via económica, política, ambiental, climática ou social, as pressões não param de por à prova um setor (que já vive) em constante desafio. Por isso a questão que se impõe continua a ser, como superá-los? E é com a sabedoria do passado, de olhos postos no futuro que encontramos a resposta: inovação, desenvolvimento, tecnologia. É sempre a inovação que nos guia neste caminho sinuoso da produção de alimentos que, hoje, mais do que nunca se torna indissociável da tecnologia e da ciência e que toma o lugar de base naquilo que significa oferecer uma alimentação segura.

Tecnologia aeroespacial, aeronáutica, robótica e inteligência artificial ao serviço da agricultura, pecuária e floresta não é mais uma utopia, é uma realidade. As novas tecnologias e métodos agrícolas sustentáveis, oferecem, agora mais do que alguma vez o fizeram, a perspetiva de aumentar a produtividade fazendo face aos desafios e maximizando a segurança para o homem e para o ambiente. E mais, oferecem aos agricultores a possibilidade de produzir de forma (ainda mais) sustentável e (cada vez mais) em linha com as estratégias europeias do Pacto Ecológico Europeu.

Se é verdade absoluta que os consumidores se habituaram, acolheram e integraram plenamente as ferramentas digitais que os apoiam nas mais diversas tarefas do quotidiano, porque não capacitar o mundo para a normalização das ferramentas de software ao serviço de uma alimentação segura? Tal como os consumidores, também os agricultores estão cada vez mais dependentes de software que os apoia na análise de dados e que os transforma em informações particularmente úteis na proteção das suas culturas. Inclusão digital e inovação tecnológica ao serviço do que comemos tem de passar a ser uma realidade indiscutível. Mais do que estabelecer metas que comprometem a atividade do setor, importa é disponibilizar e investir em ferramentas que minimizam riscos, que otimizam consumos, que produzem alimentos seguros e permitem aumentar a produção. Apostar largamente na formação de agricultores, capacitando-os para o uso e integração destas ferramentas no seu dia-a-dia.

Sem novas tecnologias, sem ciência, não temos qualquer hipótese de sucesso. Produzir de forma sustentável é sinónimo de otimizar processos e adaptar a tecnologia aos métodos de produção. Produzindo e protegendo mais e melhor!

É por isso que no dia 13 de outubro, indústria, especialistas e profissionais do setor marcam encontro na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, para um debate sobre «Alimentos Seguros, Agricultura e Tecnologia». Uma conversa centrada na importância e na versatilidade das ferramentas digitais e de precisão, assim como na disponibilidade de produtos fitofarmacêuticos e biopesticidas na produção agrícola.

João Cardoso

Diretor Executivo da ANIPLA


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