Desde a edição do dia 17 de dezembro de 2021, que temos vindo a divulgar na APIC| INFO| Semanal, resumos das apresentações feitas no seminário que foi realizado pela APIC, o qual contou com a colaboração da Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), no dia 16 de outubro de 2021.
Este seminário, teve como objetivo criar um espaço de diálogo e sobretudo promover um debate transparente sobre a produção e consumo da carne. Para este efeito, foram convidados peritos desde o Bem-Estar animal nas explorações, do real impacte no ambiente pela produção animal, bem como, peritos em nutrição a fim de ser transmitido a real importância do consumo de carne para a saúde do Homem. Também, foram abordadas as questões da legislação aplicável aos estabelecimentos de abate, a importância do melhoramento genético e das raças autóctones. Ainda, foram dados exemplos de Boas Práticas de produção extensiva no Brasil. Por fim, foi transmitido o que já se faz em termos de Boas Práticas na Indústria alimentar, relativamente à sustentabilidade, objetivo da “Estratégia Farm to Fork”, bem como foi divulgado um panorama do consumo em Portugal.
Do Brasil chegou-nos a experiência do Professor José Bento Ferraz, da Universidade de São Paulo, o qual nos falou do tema: “O Brasil como fornecedor de alimentos no mercado internacional?” Começou por nos recordar a grandeza do Brasil, e de como a frequência dos bovinos da espécie bos indicus é muito acima dos bovinos bos taurus, contudo, é sobre esta última espécie que existem mais estudos genéticos.
Ainda, nos falou do mito da desflorestação, tão divulgada pelas fakes news, sobre o Brasil. É fundamental relembrar que o Brasil tem muitos solos e aptidões diferentes, sendo que 66% do solo tem sido totalmente preservado. Há que relembrar também que a desflorestação existe, mas cada vez menos, contudo, não nos poderemos esquecer que continua porque há quem compre. Na verdade, o negócio da madeira da amazónia, tal como no negócio dos estupefacientes, também continua, porque há quem compre e neste caso os principais compradores são os EUA e a Europa.
O Brasil é responsável pela produção mundial de 16 % de carne de bovino e 3,2 % de carne de suíno, sendo o 4.º maior produtor de suínos (devido à PSA na china e na europa, tendo mesmo chegado à América, Haiti). Os animais da espécie bovina eram abatidos com 5 anos e agora são abatidos com 2 anos, o que interfere positivamente relativamente à redução de GEE, pois estes serão menores quanto menor for a vida produtiva dos animais, melhorando o ambiente e também a qualidade da carne.
O consumo per capita de carne de bovino desceu de 39 kg para 26 kg devido a crises económicas e mesmo devido à pandemia. Para voltar ao que era antigamente teriam que aumentar a produção em 50%.
A participação da pecuária no BIP brasileiro é de 10 %, sendo mesmo um player importante, comercializando carne de qualidade. Brasil é um fornecedor de carne para os seguintes mercados: China, Egito, Rússia e EUA. Nos últimos 10 a 20 anos, a área de pastagem no Brasil aumentou 1,5 % e a produção de carne aumentou 3,5%, o quer dizer que estão muito mais eficientes.
O orador deu-nos também nota do que o Brasil está a desenvolver pelo meio ambiente, quanto à produção de alimentos. As várias ações fundamentais para este objetivo, nomeadamente: A Integração lavoura-pecuária (ILP), a manutenção de cobertura vegetal protegendo o solo, evitando a erosão, aumentando o teor de matéria orgânica, evitando compactação do solo, diminuindo custos, a usando rotação de culturas, uso de leguminosas, fixadores de nitrogênio no solo e diminuindo o uso de fertilizantes químico.
Terminou a apresentação partilhando com os participantes, o sucesso do Sistema silvi-pastoris carne carbono-neutro de um produtor com 40 mil hectares com 8 mil vacas, tendo plantado eucaliptos em linhas separadas por 27metros, o que cria um microclima muito mais favorável. A área que foi perdida para os eucaliptos melhorou o sistema, pois o pasto é adubado e aumentou a lotação em termos de efetivo animal.
Ao Professor José Bento agradecemos a sua participação e partilha de informação!
Professor José Bento Ferraz, Universidade de São Paulo, Brasil
Fonte: APIC