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O “céu pode ser o limite” na cooperação entre Marrocos e Portugal – ministro marroquino

O Governo de Marrocos afirmou hoje estar “muito satisfeito” e “positivamente surpreendido” com o lado “acolhedor e pragmático” da cooperação com Portugal, em que “as já perspetivadas expectativas otimistas foram muito mais longe” do que se podia esperar.

A ideia foi expressa hoje à agência Lusa pelo ministro da Inclusão Económica, Pequenas Empresas, Emprego e Competências de Marrocos, Younes Sekkouri, que se encontra desde terça-feira em Portugal para analisar com o Governo português e com empresas as perspetivas de seguimento do acordo de mobilidade assinado em janeiro deste ano.

Até ao momento, o acordo permitiu desenvolver um projeto-piloto para que 400 trabalhadores marroquinos venham trabalhar este ano na agricultura portuguesa, tal como foi anunciado terça-feira por Sekkouri e pela ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social portuguesa, Ana Mendes Godinho.

“Para já, estou mesmo muito satisfeito e positivamente surpreendido. Esperava que o lado português fosse acolhedor, pragmático e cooperativo, mas creio, sinceramente, que fomos mais longe do que as já perspetivadas expectativas otimistas. Sentimos que há muita boa vontade, que Portugal tem uma vontade genuína em desenvolver uma parceria genuína”, sublinhou Sekkouri à Lusa.

Sekkouri, nomeado ministro pelo Rei Mohamed VI em outubro de 2021, é um dos membros fundadores do Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM), um dos mais influentes no país do norte de África.

O governante marroquino de 41 anos sublinhou que, em certo sentido, o “modelo” que está a ser desenvolvido com Portugal, “se obtiver sucesso”, poderá abrir portas a muitos outros setores.

“Precisamos de acreditar que o céu é o limite, um céu azul maravilhoso. Um céu cheio de esperança. Se organizarmos bem o processo e se tivermos a comunicação certa nos vários setores e indústrias, então temos muito caminho para percorrer”, destacou, lembrando que, hoje à tarde, vai assinar um protocolo com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) para concretizar o projeto-piloto.

“Fui nomeado para o Governo por Sua Majestade, Mohamed VI, e um dos objetivos que me pediram foi a criação de empregos e mais empregos, sobretudo porque estávamos praticamente no fim da crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19, que criou muito desemprego em todo o mundo”, afirmou.

Sekkouri referiu que Marrocos tem uma nova geração de jovens, mais instruída, “que procura uma vida melhor, melhores empregos e condições de vida” e que o Governo está a apostar nas parcerias com outros países para os ajudar, através de programas e políticas que promovam o “trabalho decente”.

“Esta pressão tem de ser gerida de forma inteligente com Governos amigos para que possamos garantir uma estratégia ‘win-win’, que permita a Marrocos satisfazer a procura doméstica de emprego e de competências, alinhada com a sua prioridade e estratégia na indústria e noutros setores”, acrescentou.

“Houve contactos com ministros e responsáveis de várias instituições e isso foi muito positivo. Cremos que vamos conseguir obter a sequência certa de resultados e não apenas números. (…) Temos acordos com outros países, com sucesso, mas queremos que este acordo com Portugal seja um modelo em termos de direitos humanos, de trabalho decente, de direito ao reagrupamento de famílias, e tem de se demonstrar que os resultados serão frutuosos”, sustentou Sekkouri.

Segundo o governante marroquino, o futuro das relações a este nível passa também por incorporar processos de ensinamento em Marrocos, através da promoção de “cursos de língua portuguesa e de formação profissional específica para recrutamentos também específicos”.

Na terça-feira, Ana Mendes Godinho garantiu que a assinatura do acordo espelha a visão que os dois Governos partilham sobre emprego e direitos humanos.

Em Portugal, estão identificadas áreas específicas com necessidade de mão-de-obra, bem como a forma como poderão decorrer novas ações de cooperação.

No âmbito do acordo estabelecido, os trabalhadores podem fazer uma parte da formação em Marrocos antes de viajarem para Portugal.


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