O crescimento anual e a espessura da cortiça são conhecidos por serem altamente variáveis entre árvores localizadas na mesma área geográfica.
Um novo artigo CEF, com a coordenação da Professora Joana Amaral Paulo do Instituto Superior de Agronomia, recentemente publicado na revista European Journal of Forest Research, analisou a seguinte questão: ‘O clima afeta de forma igual ou diferente o crescimento da cortiça das árvores sujeitas às mesmas condições?’.
Os resultados permitiram demonstrar:
- Para todos os calibres de cortiça, a existência de uma relação parabólica entre o crescimento anual e a precipitação anual. O valor de precipitação média anual associado a um crescimento máximo da cortiça, foi determinado entre os 1007 e os 1103 mm/ano.
- A existência de uma relação negativa entre a o crescimento anual das cortiças mais delgadas (de menor calibre) e a temperatura média dos meses de Abril a Agosto, a temperatura média da Primavera e a temperatura média do Verão.
- A existência de uma relação negativa entre o calibre aos 9 anos das cortiças mais delgadas (de menor calibre) e a temperatura máxima anual.
- A existência de uma relação parabólica entre o índice de Lang (Precipitação/Temperatura média) e o crescimento anual da cortiça, com maiores crescimentos estimados para valores de índice de Lang em torno de 60, os quais correspondem à transição entre os climas semi-árido e húmido.
Os modelos desenvolvidos foram ainda usados para estimar, pela primeira vez, a percentagem de cortiça extraída de um povoamento que deverá atingir calibres considerados adequados para a produção de rolha natural. Os mapas produzidos mostram que os valores mais altos são esperados nas regiões costeiras do Sul e Centro, e ao longo da bacia do rio Tejo. O litoral norte e as regiões montanhosas, caracterizadas por valores de índice de Lang superiores a 60 (climas húmidos), apresentam valores estimados mais baixos. É expectável que num contexto de alterações climáticas os valores estimados possam sofrer alterações, tendencialmente de redução.
Leia mais aqui: https://link.springer.com/article/10.1007/s10342-021-01379-8