A Psila Africana dos citrinos (Trioza erytreae) é um inseto originário da África subsaariana, tendo como hospedeiros exclusivamente plantas da família das Rutáceas, entre as quais os citrinos.
Foi observada pela primeira vez na Ilha da Madeira em junho de 1994, em limoeiros, no sítio do Moreno, no Concelho da Ribeira Brava.
As picadas para alimentação das ninfas dão origem a galhas, deformando as folhas, que ficam encarquilhadas, enroladas e amareladas, dando origem ao enfraquecimento da árvore e consequentemente diminuição da quantidade e qualidade da produção.
Este inseto é de difícil controlo, mesmo com produtos químicos, pelo que a Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), optou pelo seu controlo biológico, com largadas de parasitoides de Tamarixia dryi.
A Tamarixia dryi é um parasitoide que tem sido utilizado em programas de controlo biológico em zonas afetadas pela Psila africana dos citrinos em diversos países, verificando-se ser altamente eficiente e eficaz no controlo desta praga.
Este parasitoide deposita os seus ovos em ninfas de psila africana e as suas larvas desenvolvem-se causando a sua morte.
A DRA, no âmbito do projeto Cuarentagri, e em colaboração com o Instituto Canário de Investigaciones Agrarias (ICIA), procedeu a duas largadas, uma em 2020 e a outra em 2021, do parasitoide Tamarixia dryi, com aproximadamente 500 parasitoides, em quatro pontos da Ilha da Madeira: na costa Sul, nos concelhos de Santa Cruz e Calheta, e na costa Norte, nos concelhos de Santana e São Vicente. Na Ilha do Porto Santo, apesar da importância desta praga não ter sido tão significativa como na Madeira, libertaram-se 400 parasitoides, em oito locais selecionados, procurando realizar a dispersão de forma homogénea.
Em julho do corrente ano, procedeu-se à avaliação dos resultados e, sobre esta análise, temos a reportar que foi com grande satisfação que encontrámos uma população do parasitoide amplamente espalhada e um nível de controlo na ordem dos 90 a 100%.
Desta forma, a DRA conseguiu, uma vez mais, à semelhança da luta biológica contra a vespa do castanheiro, controlar com sucesso com este método, a luta biológica clássica inoculativa, uma das pragas que mais prejuízo dá aos produtores de citrinos.
Andreia Fernandes
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.