O estado do clima. Frio extremo na Antárctida!

O estado do clima nestas últimas semanas foi marcado por dois eventos contrastantes.

Na antárctica os valores de temperatura têm estado bem abaixo da média ponderada para  1979-2000, sabemos hoje em dia que o continente é muito mais resistente ás mudanças climáticas e ao aquecimento global devido ás suas características geográficas peculiares,

Uma massa de terra e gelo com grande altitude, numa posição em que durante alguns meses não recebe nenhuma radiação solar, isolada do resto do mundo por oceanos frios e sem nenhuma influencia de correntes quentes… a antárctica tende assim a manter-se fria, como que dentro de uma bolha onde a atmosfera é particularmente fria e numa situação em que este ar frio tem muita dificuldade em misturar-se com o ar quente das latitudes mais a norte.

Apesar de recentemente termos observado quebras relevantes no gelo em torno da antárctica, especialmente durante o verão do hemisfério sul, estas mudanças geradas pelo aquecimento global são ainda bastante tímidas quando comparadas com o que se passa noutras regiões do mundo.

Em sentido oposto, o Árctico está a “torrar” com valores de temperatura na generalidade muito acima do normal, tanto na temperatura do ar como dos oceanos…

Isto tem tido repercussões tais como picos muito relevantes nas áreas em degelo na Gronelândia, incêndios florestais na Russia, Alasca e Canadá, alterações na circulação da atmosfera com formação de áreas contrastantes de tempo extremo, em alguns lados dominadas pelo tempo mais seco e quente e outras por tempo mais frio ou instável.

O árctico, devido ao facto de ser alimentado por correntes oceânicas quentes vindas do Atlântico e por ser uma região de baixa altitude, relativamente perto de áreas continentais que aquecem muito durante o Verão, não consegue produzir aquele efeito de “bolha” que a antárctica tem, e é por isso mais vulnerável ás alterações do clima e aquecimento global.

Esperamos portanto que ao longo dos próximos anos se venham a registar alterações mais drásticas no clima do árctico, que vão influenciar de forma directa o clima em todo o hemisfério norte, num fenómeno que se chama de “amplificação árctica”.

Este fenómeno tende a gerar mudanças da circulação atmosférica no sentido de a tornar mais errática, levando a um aumento da frequência de eventos de tempo extremo, associados a padrões de bloqueio na circulação normal da atmosfera.

Em suma estes dois extremos estão neste momento a equilibrar a anomalia térmica global, com valores de 0,1ºC acima da média para 1979-2000, o que corresponde a cerca de 0,6 a 0,8ºC acima dos valores pré industriais.

O consenso geral é que enquanto nos mantivermos abaixo dos 2ºC de anomalia face ao período pré industrial, as mudanças climáticas poderão ser bem geridas. Caso se ultrapasse essa barreira, ai sim, poderão ocorrer consequências mais complexas e com maior potencial de risco.


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