O maior inimigo da floresta – Paulo Pimenta de Castro

Mais manifesto, menos manifesto, várias são as posições publicamente assumidas que identificam os “inimigos” da floresta e as suas consequências. Baixa, nula ou negativa rentabilidade da atividade florestal, subsequente ausência de gestão das superfícies florestais, inexistência de assistência técnica à propriedade florestal, aumento dos riscos de investimento como sejam a maior facilidade de propagação dos incêndios e da proliferação de pragas e de doenças constam das listagens. Todavia, foi recentemente identificado “o maior inimigo” da floresta, a Democracia.

A Democracia, com os seus ciclos eleitorais, foi identificada pelo administrador executivo do Grupo Portucel Soporcel como o maior inimigo da floresta.

Paradoxalmente, é em pleno regime democrático que a área de eucaliptal em Portugal, a 5.ª a nível mundial e a fonte de sustento do grupo empresarial, mais do que duplicou. Do que se queixa então o Dr. José Honório? Será por o Ministério da tutela não ter ainda conseguido responder à “chantagem” de maio último (15 mil empregos por 40 mil hectares de eucaliptal)? Mas, bem que o Ministério se esforçou. Ah, a Democracia tem-no impedido! Está explicado. Mas que chatice.

Em todo o caso, na maioria dos estados democráticos membros da União Europeia, consequentemente com ciclos eleitorais, as respetivas áreas florestais têm registado acréscimos. Logo, talvez não sejam os ciclos eleitorais o maior inimigo da floresta.

Na referência à inimizade e amizade, a indústria pesada florestal tem sido amiga da floresta? Os mais recentes dados do INE não permitem vislumbrar grande altruísmo neste domínio. Será melhor que observemos bem os nossos telhados, antes de atirarmos pedras aos outros.

Paulo Pimenta de Castro
Engenheiro Florestal
Presidente da Direção da Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal

A quantidade desregrada versus qualidade e responsabilidade – Paulo Pimenta de Castro


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