As consequências do bloqueios russo aos cereais são muito diferentes para o Ocidente e para os países pouco desenvolvidos.
A professora de Economia Política Ana Evans diz que o Ocidente tem maneiras de contornar o bloqueio russo aos cereais ucranianos, mas há outros países que dependem muito das exportações de cereais a baixo preço, como os países asiáticos e africanos, que serão os mais gravemente afetados.
Com o bloqueio dos portos ucranianos e a suspensão das exportações pela Rússia estão a aumentar os preços dos cereais a nível global e “essa é uma arma que a Rússia tem para responder às sanções que o Ocidente impôs”.
“O Ocidente tem formas de contornar estas sanções” e o bloqueio russo aos cereais ucranianos. “O Ocidente pode diversificar as suas cadeias de fornecimento e diversificar até a própria alimentação”, diz Ana Evans.
Mas há países que dependem muito das exportações de cereais a baixo preço que vêm através do mar Negro e que têm origem na Rússia, como os países asiáticos e africanos.
“Estes países, que em geral são ou muito pouco desenvolvidos ou emergentes, serão os mais gravemente afetados pelo bloqueio” russo, sublinha a especialista.
“O preço [do bloqueio de cereais] para nós Ocidente é maior inflação e preços mais altos. O preço para países pouco desenvolvidos é fome, maior desigualdade social, destruição do tecido social, desemprego. São preços diferentes”, explica Ana Evans.
O Presidente russo disse esta quinta-feira estar pronto para ajudar a “superar a crise alimentar” provocada pelo bloqueio de cereais ucranianos e russos devido à guerra na Ucrânia, se as sanções ocidentais contra Moscovo forem levantadas.
Putin disse ainda que estas sanções ocidentais não estão a prejudicar a Rússia.
“Obviamente que nós sabemos que as sanções tiveram um impacto profundo – nos pilares do poder, como nos oligarcas, quer relativamente às multinacionais que saíram, quer na economia russa que já está a sofrer consequências muito graves. Mas o Presidente Putin não pode dizer isto”.