A coexistência da agricultura moderna com a promoção da biodiversidade é possível. A Elaia, um dos maiores produtores mundiais de azeite, dá o exemplo, gerindo de forma ativa áreas dedicadas à conservação da natureza nos seus olivais no Alentejo, onde instalou recentemente margens multifuncionais Operation Pollinator.
Nas vastas planícies alentejanas cobertas pelo manto verde dos olivais há pequenos santuários de biodiversidade que servem de refúgio à fauna local. Quem passe junto ao icónico Lagar do Marmelo, em Ferreira do Alentejo, será surpreendido pelo doce zumbido de abelhas, moscas das flores e besouros, numa faixa de plantas floridas instalada à entrada da herdade.
A Elaia, proprietária de 9.500 hectares de olival no Alentejo, tem em curso diversos projetos de conservação da natureza, o mais recente dos quais o Operation Pollinator. Este programa internacional da Syngenta visa atrair insetos polinizadores e outra fauna auxiliar benéfica aos campos agrícolas, através da instalação de margens multifuncionais semeadas com plantas floridas.
A diversidade e abundância de espécies e insetos observados, atesta o efeito que estas pequenas zonas de conservação têm na promoção da biodiversidade local
«As margens foram instaladas no meio do olival. A diversidade e abundância de espécies e insetos observados na zona da margem funcional, que mimetiza a diversidade que encontramos nas zonas de montado, atesta o efeito que estas zonas de conservação têm na promoção da biodiversidade local», afirma Isabel Ribeiro, responsável de Desenvolvimento de Negócio da Elaia.
A comunidade de polinizadores encontrada na Elaia foi bastante diversa, sendo constituída principalmente por Diptera (moscas), 50,5% dos polinizadores capturados, Hymenoptera (abelhas e vespas), 27,7% dos capturados, e Coleoptera (besouros), 21,8% dos capturados. Num total de 500 indivíduos de 46 famílias diferentes.
Os Hymenoptera, com especial enfase nas abelhas, curiosamente apresentaram uma diversidade e abundância na zona de olival
Ricardo Costa, um dos entomólogos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCT-UL) que fez o levantamento de insetos antes da instalação da margem multifuncional na Herdade do Marmelo, explica que «os Hymenoptera, com especial enfase nas abelhas, curiosamente apresentaram uma diversidade e abundância na zona de olival que foi muito superior ao esperado, 6 géneros de 3 famílias diferentes, num total de 42 abelhas capturadas. Isto deverá estar relacionado, entre outros fatores, com o facto de a zona que amostrámos manter as plantas herbáceas entre as linhas das oliveiras».
Os cientistas estimam para os próximos anos um aumento significativo de insetos polinizadores no local, com especial enfase na diversidade de abelhas e moscas das flores, pois as plantas da margem Operation Pollinator providenciam abrigo e locais de reprodução que muitos destes polinizadores aproveitam, além de diversidade de alimento (pólen e néctar), pelo número de flores diferentes presentes.
O Operation Pollinator complementa perfeitamente a nossa atividade e ajuda-nos a promover a biodiversidade local.
Apesar de a oliveira ser maioritariamente polinizada pelo vento e não por os insetos, estes prestam serviços ecológicos muito importantes: favorecem o fluxo de genes pelas populações de várias plantas herbáceas, ajudando a mantê-las viáveis, e estas por sua vez servem de habitat a uma grande comunidade de pequenos organismos. Além disso, alguns destes polinizadores são predadores e parasitas de outros insetos, que poderão constituir uma praga para a cultura da oliveira.
«O Operation Pollinator complementa perfeitamente a nossa atividade e ajuda-nos a promover a biodiversidade local. No futuro será excelente para demonstrar aos visitantes das nossas herdades e do lagar a perfeita coexistência da agricultura moderna com a promoção da biodiversidade», reconhece Isabel Ribeiro.