Ao longo de 2023, a equipa do projeto “AdaptForGrazing”, coordenada pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, percorreu 16 herdades de norte a sul do país, realizando medições detalhadas de serviços de ecossistemas em pastagens.
O processo abrangeu a avaliação de indicadores cruciais, como a presença de insetos polinizadores, aves e plantas, assim como uma análise de eDNA no solo. A abordagem abrangente incorporou ainda séries temporais de índices vegetativos, dados climáticos históricos (temperatura, precipitação, humidade e sua variação ao longo do ano), propriedades físicas e químicas do solo, elevação e declive do terreno, exposição solar, índices de controlo topográfico (que indicam a propensão para a retenção de água), e intensidade de luzes noturnas medidas através de satélite como indicador de presença humana. A segunda campanha de campo, em 2024, está a terminar, seguindo-se o trabalho de laboratório, para tratar e analisar as amostras recolhidas. A notícia foi avançada pelo Agroportal, tendo por base informação cedida pelo projeto.
A quantidade massiva de dados adquiridos representou um desafio à escala nacional, com a avaliação de 800 mil parcelas de território, equivalentes a 125 milhões de pixéis, e a extração de mais de 100 variáveis ambientais. Destas, a equipa identificou as 13 mais importantes na produtividade ao longo do tempo em pastagens.
Um dos principais resultados obtidos até agora enfatiza a relação intrínseca entre a adaptação das pastagens e a localização geográfica das herdades. Propriedades no Sul do país mostraram-se mais vulneráveis à escassez de água em comparação com as localizadas no Norte. Esta descoberta é crucial para personalizar estratégias de adaptação, considerando as características específicas de cada região.
O projeto, que envolve uma colaboração entre 30 entidades, incluindo quatro instituições de ensino superior, 21 Pequenas e Médias Empresas (PMEs) agrícolas, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e três Organizações Não Governamentais, destaca-se como uma resposta proactiva à necessidade urgente de compreender e enfrentar os desafios impostos pelas alterações climáticas no território nacional.
O artigo foi publicado originalmente em Rede Rural Nacional.