A espécie exótica Leptoglossus occidentalis é um sugador cujo alimento são pinhas e flores de diversas espécies de resinosas. Dotado de uma capacidade de sobrevivência rara, numa região em que não tem inimigos naturais, pois trata-se de uma espécie exótica, este inseto não conhece fronteiras.
Dono de uma espécie de trompas pontiagudas, o Leptoglossus occidentalis, que apresenta uma dimensão pouco maior do que 2 centímetros, é capaz de penetrar a pinha para recolher o alimento, e, ao fazê-lo, absorve o pinhão em formação. O resultado são os designados “pinhões chochos”. Mas este inseto não absorve apenas o pinhão, ele também estraga a pinha que ainda está a formar-se. É importante relembrar que o processo de maturação de uma pinha leva três anos.
Saiba em que ano o sugador de pinhas chegou a Portugal e as suas árvores hospedeiras
De acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), este inseto exótico – que, lembremo-nos, é mais uma praga a ameaçar a floresta autóctone e as exportações portuguesas (por exemplo, o pinheiro bravo) – chegou à Europa, mais exatamente ao Norte de Itália, já em 1999, “tendo-se aclimatado e disseminado rapidamente por vários países europeus”.
Confirmou-se a sua presença em Portugal continental no ano de 2010 na península de Tróia e na Região Norte.
Segundo a União da Floresta Mediterrânica (UNAC), o sugador de pinhas (Leptoglossus occidentalis) é um percevejo invasor nativo da zona Oeste da América do Norte. O primeiro registo em Portugal é de 2010. É um inseto picador-sugador, que se alimenta inserindo um fino estilete entre as escamas da pinha até atingir a semente que suga.
O que sabemos sobre a biologia e o ciclo de vida do sugador de pinhas?
Este inseto sugador alimenta-se de pinhas e sementes e as suas árvores hospedeiras incluem coníferas de vários géneros, tais como os pinheiros, os abetos, as píceas, os cedros, as tsugas e as pseudotsugas.
Período | Processo biológico/Ciclo de vida |
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Novembro a abril | Hibernam em abrigos (casas próximas da floresta, armazéns, debaixo de cascas de árvore, entre outros). |
Abril-maio | Os adultos deixam os abrigos e procuram pinhais para se alimentar e reproduzir. |
7 a 10 dias | Eclosão dos ovos. As ninfas desenvolvem-se passando por cinco estádios, e têm comportamento gregário, encontrando-se nas pinhas e agulhas. |
1 mês e meio (depende da temperatura) | Ciclo completo de ovo a adulto. |
Até junho/julho | Geração hibernante adulta |
Julho/agosto | Novos adultos (1ª geração – pico de densidade de insetos adultos no campo). |
Finais de setembro/outubro | Adultos da 2ª geração |
Finais de outubro/novembro | Possibilidade de uma 3ª geração caso o outono registe temperaturas amenas |
Fonte: Adaptado de União da Floresta Mediterrânica (UNAC) |
A seguir a Espanha, Portugal é o país que, na atualidade, possui a maior área geográfica de pinheiro manso. Deste modo, os países ibéricos contêm cerca de 75% da área de distribuição mundial do pinheiro manso. Na última década o povoamento de pinheiro manso aumentou mais de 50% em Portugal.
Referências da notícia
Green Savers. Sabe que existe um devorador de pinhões em Portugal? SAPO. 12 Janeiro 2025.
Manuela Branco e Ana Farinha (ISA) e Conceição Santos Silva (UNAC). Sugador das pinhas leptoglossus occidentalis. UNAC – União da Floresta Mediterrânica. Fevereiro 2020.