O que é que o consumidor gostaria de ver nos rótulos? – Helena Cid

Não é fácil ler e interpretar os rótulos que vêm nas embalagens. Essa é a opinião de mais de mil consumidores inquiridos e que a Food Standards Agency (FSA-UK) publicou em Agosto de 2006 – “Food Labelling Requirements Qualitative Research”. Todos os dias surgem novos produtos no mercado que alegam trazer benefícios nutricionais e de saúde. Por isso, e mais do que nunca, os consumidores querem mais informação e exigem saber mais.

Daí ser cada vez mais importante conhecer a origem dos produtos, ou mesmo os métodos de produção e os ingredientes, em última instância tornar mais clara a rotulagem das embalagens. As conclusões da FSA apontam no sentido da reflexão e da mudança global, que informe e facilite a vida do consumidor na altura de este ler os rótulos. O estudo, que decorreu entre 17 de Janeiro e 16 de Fevereiro de 2006, em oito localidades da Grã-Bretanha, foi procurar a opinião de quem todos os dias tem que fazer a sua opção de compra e questionou sobre cinco pontos:

Lista de ingredientes
Origem do produto
Método de produção
Standarização dos rótulos das embalagens dos alimentos
Rótulo Nutricional
Dificuldade de interpretação das ideias chave

LISTA DE INGREDIENTES:
A existência de uma lista completa dos ingredientes que constam no produto é uma prioridade. Esta opção permite ao consumidor escolher os produtos que realmente pode consumir e evitar os que, por questões de saúde, religiosas ou éticas, não podem comprados;

A indicação de que o produto é produzido com ou é derivado de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) é outra preocupação;

Um código para os alergéneos que permita uma visualização rápida sobre a existência dos ingredientes que possam causar problemas. Por exemplo, os termos “gordura animal”, “proteína vegetal hidrogenada” ou “amido” são criticados pelo facto de serem demasiado vagos e não esclarecem os consumidores. Uma pessoa pode ser alérgica a uma determinada proteína vegetal e não a todas, por isso, essa denominação é vaga e restringe a escolha;

Importância de as bebidas alcoólicas também serem rotuladas, já que existem “alimentos proibidos”, que devem ser evitados por questões de saúde ou religiosas.

ORIGEM DO PRODUTO:
Mesmo os produto hortícolas e frutícolas deveriam ter uma rotulagem que disponibilize informação sobre o tipo de pesticida ou herbicidas utilizados e qual a percentagem de resíduo que poderá ficar mesmo depois do produto ser lavado. A data da colheita deverá ser outra informação a constar;

No caso do peixe e da carne, deverá constar informação sobre o método de criação do animal e sobre a forma como foi apanhado. Nos ovos deverá constar a data da recolha;

A denominação ‘E’ é outra preocupação. Os aditivos aparecem de forma pouco esclarecedora, já que o ‘E’ acompanhado por números pode gerar dúvidas de interpretação, pois não é possível reconhecer todas as designações. Simplificar é, por isso, a palavra chave para tornar a informação nutricional acessível a todos os consumidores;

Informação sobre alergéneos deveria estar exposta sobre a forma de símbolos para facilitar a compreensão. A denominação, ‘pode conter’, por exemplo, é ambígua. Na mente do consumidor está sempre presente o risco de consumir um produto (amendoim, soja…) que lhe desencadeie um episódio alérgico. A opção não deverá ser “não compro, pois tenho medo”. Os inquiridos consideram, por isso, essencial que os rótulos contenham informação mais clara sobre os ingredientes que existem. Assim, a informação deverá estar mais clara e referir, exemplo, “não tem glúten” ou “para celíacos”, por exemplo.

MÉTODOS DE PRODUÇÃO – Por uma questão ética ou religiosa, alguns consumidores desejam conhecer a origem do produto. Como é que animal foi criado e de que forma foi sacrificado. A clara identificação da origem da carne, peixe, dos produtos lácteos ou mesmo dos vegetais é importante. É também útil fornecer informações sobre: pesticidas, nitratos, fertilizantes naturais ou químicos, fosfatos… Há ainda quem deseje saber se foram usadas hormonas de crescimento.

CRIAÇÃO DE UM RÓTULO UNIVERSAL – O facto de não existir um rótulo universal cria dúvidas e desinformação. O estudo conclui que os consumidores sentem-se confundidos quando tentam comparar produtos com as características. Por isso:

Deverá ser criado um formato estandardizado dos rótulos que permita uma visualização rápida sobre a informação nutricional e que permita a comparação de produtos com as mesmas características.

A letra deverá ser maior e dar mais espaço à informação nutricional – ingrediente, sugestões de como cozinhar – do que à ilustração do produto.

Utilização de símbolos ou cores que permitam, por exemplos, aos diabéticos ou a quem faz alergia a alguns alimentos, perceber facilmente se o produto tem OGM ou alergéneos. Uma forma simples de informar, sem ser preciso ler uma lista exaustiva de ingredientes;

ROTULAGEM NUTRICIONAL:

– Qual o valor nutricional da gordura, sal e do açúcar? Este são os três elementos nutricionais que mais preocupam os consumidores. Mas há também quem considere importante reforçar nos rótulos mais informação sobre os nutrientes considerados benéficos (fibra e proteínas).

– As gorduras devem ser listadas (saturadas, monosaturadas, polinsaturadas, ácidos gordos trans).

– As tabelas de Valor Diário de Referência (VDR) permitem um acesso fácil a informação simples, visível e objectiva sobre calorias, gordura total, gordura saturada, açúcares e sal.

Helena Cid
Nutricionista e Presidente do Instituto Becel

Aprender a ler os rótulos – Helena Cid


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