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O que significa para a fome mundial a retirada da Rússia do acordo que permite a exportação de cereais

A decisão da Rússia de se retirar de um acordo que garantisse uma passagem segura para os navios que fariam o transporte de exportações vitais de cereais da Ucrânia suscitou “sérias preocupações” quanto ao fornecimento alimentar global, numa altura em que o mundo já enfrenta uma crescente crise de fome.

Organizações humanitárias globais, a União Europeia, a NATO e as Nações Unidas apelaram a Moscovo para que reverta a decisão, alertando para que qualquer declínio nas exportações provenientes da Ucrânia poderá ter consequências potencialmente mortais.

Eis o que sabemos até agora.

Como funciona o negócio dos cereais?

O acordo entre a Rússia e a Ucrânia foi mediado em julho pelas Nações Unidas e pela Turquia.

Instaurou um procedimento que garantia a segurança dos navios que transportavam cereais, fertilizantes e outros alimentos da Ucrânia através de um corredor humanitário no Mar Negro. No âmbito do acordo, todos os navios que chegavam de e para os portos da Ucrânia eram inspecionados e monitorizados por equipas internacionais compostas por funcionários da Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU.

Depois de a Rússia ter anunciado que se retirava do acordo “por tempo indeterminado”, as restantes partes anunciaram que iriam continuar com o programa e levariam a cabo as inspeções sem a Rússia.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, disse na segunda-feira que Ancara estava determinada a tentar manter a iniciativa viva. “Um terço do trigo do mundo é produzido pela Rússia e pela Ucrânia. Vocês são as testemunhas mais próximas dos nossos esforços para entregar este trigo aos países que enfrentam a ameaça da fome,” afirmou Erdoğan, num evento em Istambul.

No entanto, o Kremlin emitiu um alerta contra a continuação do acordo. Questionado sobre se era possível manter os carregamentos de cereais sem a participação da Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esta segunda-feira aos jornalistas que, sem a Rússia garantir a segurança da navegação, “tal acordo dificilmente é viável”.

O que está a acontecer agora?

Apesar da decisão da Rússia de abandonar o acordo, Kiev afirmou que 12 navios conseguiram deixar os portos do Mar Negro da Ucrânia a partir da manhã de segunda-feira.

Estes incluíam o Ikaria Angel, um navio fretado pelo Programa Alimentar Mundial e carregado com 30 mil toneladas de trigo destinado ao Corno de África, que está atualmente a atravessar uma grande crise alimentar.

Os movimentos dos navios na segunda-feira sugerem que, embora a Rússia tenha dito que iria retirar-se do acordo, não voltou a impor – até agora – um bloqueio total aos portos do Mar Negro na Ucrânia.

No domingo, a ONU disse que foi implementado um plano para permitir que 16 embarcações se desloquem na segunda-feira – 12 dos portos ucranianos e quatro na direção oposta. Acrescentou que havia 21 embarcações dentro ou perto dos portos ucranianos com uma capacidade de mais de 700 mil toneladas que foram afetadas pelo anúncio.

No entanto, as autoridades ucranianas avisaram que dezenas de navios poderiam ser impedidos de se moverem.

Porque é o negócio dos cereais tão importante?

A Ucrânia desempenha um papel fundamental no mercado alimentar global. […]

Veja a reportagem na CNN Portugal.


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